A pecuária brasileira, com mais de mil raças de corte disponíveis globalmente, entra na estação de monta com um dilema genético: qual raça utilizar para maximizar a produtividade?
Em entrevista ao Giro do Boi, o zootecnista Alexandre Zadra, especialista em raças e cruzamentos, afirmou que o cruzamento entre zebuínos e taurinos (meio sangue) deve ganhar um novo impulso, impulsionado pela demanda por carne de qualidade e pela ascensão dos programas de bonificação.
O especialista ressalta que, apesar do crescimento notável do cruzamento entre os próprios zebuínos – impulsionado pela excelência do melhoramento genético brasileiro – a valorização da arroba e a busca por carne macia direcionam o mercado para a raça F1 (meio sangue). O uso de sêmen europeu e de touros taurinos adaptados (bimestiços) em fêmeas zebuínas deve “bombar” nesta estação reprodutiva.
Confira a entrevista completa:
A consciência da precocidade e a importância da IATF
O criador com acesso à tecnologia tem focado na precocidade como principal indicador. Com o auxílio de uma melhor recria, suplementação e pastos de qualidade, as novilhas, que antes eram enxertadas com 24 ou 30 meses, hoje entram na reprodução com 18 ou 20 meses, ou até mais cedo (precocinha). O ideal, segundo Zadra, é enxertar a novilha com 18 meses e entre 300 e 320 kg.
A chave para esse sucesso é o uso da Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) e a utilização de touros de repasse de qualidade. O zootecnista alerta que a pecuária só vai prosperar com a combinação de bom pasto, nutrição, manejo sanitário, IATF e genética de qualidade. O uso dessa tecnologia diminui o “fundo” em cada nascimento, aumentando a proporção de bezerros mais pesados (carimbo 7-8).
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Escolha de raças e o conceito do metabolismo
A estratégia genética deve ser definida pelo objetivo do pecuarista e pelo sistema de produção da fazenda. Zadra desmistifica a ideia de que o Angus e o Stabilizer são soluções universais para o Beef on Dairy (BFON) e o cruzamento. É preciso respeitar o metabolismo do gado:
- Clima tropical: em áreas quentes (Brasil Centro-Norte), não se deve usar um taurino europeu puro sobre o gado Girolando, por exemplo, se o animal será recriado a pasto.
- Taurinos adaptados: o especialista recomenda o uso de bimestiços ou taurinos adaptados que mantenham o metabolismo adequado ao calor, como Canchim (5/8), Brangus, Braford, Caracu, Senepol ou Bonsmara.
O grande valor da raça F1 (meio sangue) reside na carne macia e na possibilidade de participar dos programas de bonificação da indústria, como o 1953 da JBS, que exige um animal com, pelo menos, meio sangue taurino. A fêmea F1 pode ainda ser aproveitada após a primeira cria, gerando um cruzamento terminal de alto valor agregado.
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