O manejo incorreto de vacinação segue trazendo prejuízo à cadeia produtiva da carne bovina brasileira. Depois do embargo dos Estados Unidos à carne in natura no ano passado por conta de lesões decorrentes de aplicações inadequadas, alguns cortes nobres seguem sendo desperdiçados pelo mesmo problema.
O tema foi discutido nesta sexta-feira, 02, pelo apresentador do Giro do Boi, Mauro Sérgio Ortega, e o zootecnista Fábio Dias, diretor de relacionamento entre a indústria e o pecuarista.
Dias relembrou o esforço feito com a campanha Vacina, peão!, lançada em 2017 para amenizar a situação. A iniciativa usou plataformas digitais para disseminar conteúdos e ainda distribuiu material impresso em indústrias de todo o país com o objetivo de informar, de modo simples e bem humorado, quais são os quatro pontos de atenção para o pecuarista e seus colaboradores vacinarem o rebanho sem problemas:
– Vacinar na tábua do pescoço;
– Fazer a aplicação subcutânea, abaixo do couro do pescoço;
– Utilizar a agulha certa (pequena) para o efeito desejado;
– Vacinar sem pressa;
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No Brasil, a indústria de sanidade estima que apenas 25% dos animais sejam vacinados no local correto, conforme disseram ao Giro do Boi o médico veterinário Roulber Silva, gerente técnico da Boehringer Saúde Animal, e o gerente de trade e demanda da companhia, Paulo Colla.
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Fábio Dias exemplificou a situação com o imagens das carcaças de um lote de mais de 100 cabeças abatidas pela indústria em que todos os animais foram vacinados na picanha, fazendo com que os cortes fossem descartados por conta da lesão no músculo. “Perde mais ou menos um quilo de carcaça e mais ainda, perde-se o valor de um quilo de picanha”, observou o zootecnista, alertando para o desperdício de um dos cortes com maior potencial para captura de valor pela cadeia produtiva.
Dias destacou também que a lesão pode ocorrer não apenas na vacinação contra aftosa, mas com a injeção de quaisquer medicamentos, que tem recomendações distintas de locais específicos para sua aplicação, mas nunca dentro de músculos de cortes com potencial para agregação de valor, como o contrafilé, a picanha, cupim ou paleta. “O problema não é pequeno e é muito mais frequente do que a gente pensa”, sobressaltou o diretor.
Confira a entrevista e as imagens pelo vídeo abaixo: