Durante a edição 2017 da Beef Expo, feira realizada na capital São Paulo durante 6 a 8 de junho, a Aliança da Produtividade ofereceu aos presentes uma série de palestras sobre gestão, sanidade, nutrição, sucessão, genética, qualidade de carne, entre outros, no espaço “+@/ha/ano“. Os conteúdos, todos registrados em vídeo e sincronizados com os slides das apresentações, serão disponibilizados nas próximas semanas pelo site do Giro do Boi.
Neste primeiro conteúdo, o zootecnista, mestre em produção animal e consultor titular do Inttegra, o Instituto Terra de Métricas Agropecuárias, Antônio Chaker, fala sobre oito regras que fazendas com desempenho acima da média têm em comum quando comparadas com outras propriedades com resultados pouco expressivos. Veja a relação abaixo:
1 – Proprietário exerce a liderança, com foco nos resultados e sem paternalismo.
Segundo Chaker, este é considerado um “passo dependente” dentro desta série de regras, o quer quer dizer que, sem ele, não é possível avançar rumo aos demais passos. Quando o líder não assume para si a responsabilidade pelo sucesso, o planejamento não funciona.
Dentro deste primeiro tópico, Chaker lista ainda cinco aspectos essenciais para o perfil do líder: i) dominância (sem arrogância); ii) visão; iii) são responsáveis pela mudança; iv) estimulam a conexão entre colaboradores e resultado; v) sempre querem fazer mais.
2 – O gerente é líder e tem autonomia para a operação.
Para o consultor, o gerente deve ser contratado mais pelo que tem do ombro para cima do que do ombro para baixo, ou seja, deve focar mais no planejamento do que no operacional. Neste papel, embora ele não decida “o quê“, ele deve ter autonomia para desenvolver “o como“.
3 – Equipe alinhada com o grau tecnológico e comprometida com as metas.
“Pior do que notícia ruim é uma notícia ruim que demorou pra chegar”, disse Chaker na palestra. Segundo o zootecnista, é importante a equipe toda estar ciente das metas para que os líderes sejam informados a tempo de tomarem decisões a fim de ajustar o foco da fazenda.
Neste sentido, são cinco tipos de metas que podem ajudar no alinhamento do time com os resultados. Reprodutivas (percentual de aparte de novilhas para a monta, fertilidade, perda pré-parto, taxa de desmame), produtivas (taxa de lotação, de abate, giro de estoque), operacionais (cumprimento da tabela de tarefas), financeiras (gastos e faturamento dentro do previsto) e comportamentais (uso de uniforme, terreiros e demais instalações limpos, incentivo ao engajamento com opiniões).
4 – Cronograma e acompanhamento das atividades.
Para o coordenador do Inttegra, este passo pode ser resumido com uma palavra simples: fazer. Analisar as tarefas previstas para a semana, o mês, trimestre e ano e exercer pressão para que as atividades sejam desenvolvidas.
5 – Previsão do fluxo de caixa e acompanhamento: previsto x realizado.
“Na fazenda, quem manda é o fluxo de caixa”, brincou Chaker. Para o zootecnista, prever a falta de dinheiro em caixa daqui a 12 meses não é um problema, pois há tempo para resolver. O problema é descobrir que vai faltar amanhã. Caso esta previsão de fluxo seja bem feita, complementou , a fazenda como um todo está preparada para lidar com possíveis ameaças e aproveitar todas as oportunidades. “Se tivesse que escolher uma única ferramenta de gestão, eu não teria dúvida que seria fluxo de caixa”, resumiu. “Mas não adianta fazer e colocar na gaveta, tem que olhar sempre”, alertou.
6 – Excelência na produção e colheita de forragem.
Para o mestre em produção animal, o foco na produção deve ser muito evidente, com lotação e GMD (ganho médio diário) sempre ajustados com o potencial da fazenda, isto porque são fatores que interferem diretamente no resultado. “Por muito tempo o desafio era produzir, mas agora é colher”, disse o palestrante. “Com mesma intensidade com que discute todos os outros itens destas oito regras, a fazenda tem que debater como transformar capim em carne“, completou. Para Chaker, aproveitar bem a produção forrageira potencializa todo o trabalho feito em genética, nutrição e sanidade.
7 – Evitar investimentos não produtivos e despesas administrativas.
A ideia é evitar despesas indiretas e focar nos gastos com o que aumenta a produtividade. O consultor mostrou levantamento do Inttegra que apontou que as fazendas mais lucrativas gastaram R$ 7,42 por hectare ao ano com mão de obra, enquanto a média gastou R$ 10,43 (e isto não significa pagar menos aos funcionários, apenas otimizar a relação de uso). Com manutenção, as mais lucrativas gastaram R$ 5,00 contra R$ 7,4 da média. Com impostos, foram gastos R$ 5,42 pelas fazendas mais lucrativas contra R$ 7,18 da média.
Mas no gasto com os insumos, os valores são muito próximos. A média das fazendas gastou R$ 17,18, contra R$ 16,41 das mais lucrativas. “Ou seja, elas gastam quase igual com insumo, mas gastam bem”, destacou o palestrante.
8 – Aprendem com seus resultados e buscam evolução constante
Segundo o zootecnista, os responsáveis pelas fazendas de sucesso estão sempre insatisfeitos com resultados, embora valorizem todos os resultados.
Veja na apresentação abaixo a explicação detalhada de cada uma das oito regras para uma fazenda de sucesso e, ainda, perguntas e respostas ao final da palestras, em bate-papo com produtores presentes no evento: