Nesta quarta, 29, o Giro do Boi apresentou um exemplo de sucesso em pecuária produtiva. A história é do Sítio Balança, localizado em Cáceres, no estado do Mato Grosso, que é presença frequente como fornecedora de lotes de destaque no quadro Giro pelo Brasil dentro do Giro do Boi. A propriedade é de Álvaro Américo Sabatini Rocha, empresário que assumiu os negócios do sítio em 2004 já com projeto para intensificar o sistema de produção.
Atualmente, com menos de 200 hectares (são 125 ha de área aberta), o Sítio Balança abate anualmente 1.800 cabeças de gado, com um desfrute médio de 118 arrobas por hectare ao ano, graças à terminação exclusiva em cocho, sendo que cada animal é terminado com peso médio de 21@.
Quem falou sobre alguns dos detalhes que levaram ao êxito do projeto da fazenda foi seu consultor, o médico veterinário Juliano Dalcanale, que presta serviços ao Sítio Balança há dez anos. “O Álvaro adquiriu o Sítio Balança em 2004 já com a ideia de umas produção intensiva, naquele momento apenas com semiconfinamento. Depois começou a ter algumas dificuldade com lotação na seca e foi quando ele me procurou. Eu atendo a propriedade desde 2008”, relembrou Dalcanale.
O consultor afirma que hoje considera o titular da fazenda um pecuarista experiente. “Os resultados do Álvaro no Sítio Balança mostram que é possível fazer uma pecuária profissional, atendendo exigências do mercado. […] Acho que isso é um grande diferencial dele em relação a outros produtores. É o capricho, o zelo e até a intransigência para entregar sempre a mesma mercadoria com o mesmo padrão de acabamento, isso aí a gente acredita que gera frutos”, atestou.
A propriedade trabalha com os ciclos de recria e engorda, adquirindo animais com média de 11@. Ao chegarem, eles recebem suplementação a pasto entre 1% e 2% do peso vivo, de acordo com a variação de seu peso, categoria e época do ano. Depois da adaptação no semiconfinamento, todos são enviados para terminação em confinamento.
O sistema de produção escolhido tem a ver com a fuga do modelo tradicional brasileiro, que muitas vezes inviabiliza a competitividade da pecuária de corte. “A produtividade da pecuária tradicional é muito baixa e realmente não tem como ter margem com uma produtividade tão baixa como é média brasileira”, frisou Dalcanale. Atualmente, o pecuarista brasileiro produz uma média de 6 @/ha/ano.
Outro componente essencial para o sucesso do Sítio Balança é o uso de ferramentas que diminuem a exposição da propriedade às variações de preços do mercado, seja da comercialização do gado gordo ou na compra dos insumos. “Para quem está na atividade com um nível alto de custos e com nível de investimento alto, a gente não pode estar totalmente exposto ao mercado, então analisamos constantemente qual é o custo de produção para conseguir ter um norte e sempre que possível travar preços tanto de boi quanto de insumos. A gente costuma fazer contratos de insumos com até um ano de antecedência para garantir custos de produção aceitáveis”, detalhou o consultor.
O resultado está no retorno satisfatório do investimento feito pela fazenda. Segundo Dalcanale, a margem média por arroba produzida no confinamento vai de R$ 15 a até R$ 25. “Nosso principal indicador é a rentabilidade sobre o capital investido no gado e nos custos de produção. A nossa meta é ficar em torno de 2% ao mês”, revelou.
E engana-se quem pensa que almejar tais números é fantasioso ou fora da realidade. “Aumentar a produtividade não é tão difícil. Manter a lucratividade depende do nível de gestão e de capacidade gerencial alta, mas é possível, não tem nenhum milagre nem mistério […] É possível unir o prazer da atividade rural com um negócio rentável, sim”, concluiu.
Veja abaixo a entrevista completa do consultor Juliano Dalcanale, do Sítio Balança: