O Giro do Boi desta terça-feira, 19, apresentou um dos projetos de grande sucesso para o desenvolvimento da pecuária de corte e para a raça nelore no País. A Agro-Pecuária CFM, com propriedades em Mato Grosso do Sul e São Paulo, é uma das maiores produtoras de touros do Brasil, com uma safra anual de 1,5 mil reprodutores nelore, todos provados por programas de melhoramento genético, e lapidados ao longo dos 114 anos de história da empresa.
Desde as primeiras vendas de touros, a CFM acumula um total de 42 mil reprodutores colocados no mercado, algo suficiente para emprenhar mais de um milhão de vacas. Somente nos últimos doze anos, a empresa atendeu a mais de 900 criadores, em 566 municípios, de 19 estados brasileiros, além do Paraguai, e esses números a colocaram no topo da maior fornecedora de touros com CEIP (Certificado Especial de Identificação e Produção) do país.
“O trabalho da CFM começou na indústria, na verdade com um frigorífico, então a fazenda sempre teve esse viés de produzir aquilo que o consumidor final desejava”, diz o médico veterinário Tamires Neto, gerente de pecuária da CFM. Além dele, também participou da entrevista o também médico veterinário José Bento Ferraz, professor da Universidade de São Paulo, do campus de Pirassununga.
O principal norte da empresa é justamente focar numa produção de touros voltada para o pasto, especialmente adaptada para trabalhar nas condições de pasto mais comumente vistas pelo País.
“Se esse animal está sendo selecionado para ficar justamente no ambiente onde os filhos deles vão nascer, então esse animal vai transmitir aquilo que está predito. Isso é uma das coisas muito importantes da seleção da CFM”, diz Ferraz.
Precocidade de fêmeas
Um dos grandes saltos de produtividade das fazendas do grupo foi fazer um trabalho de redução de idade na precocidade das fêmeas que saíram de um projeto que emprenhava a vacada aos 18 meses e passou para 14 meses de idade.
“A fertilidade sempre fez parte do melhoramento da CFM. Desde o ano de 1980, descartamos qualquer fêmea que não emprenhava. A gente começou esse trabalho quando ninguém falava em precocidade sexual”, explica, acrescentando que atualmente mais da metade do rebanho de matrizes da empresa é de fêmeas que emprenharam aos 14 meses de idade, característica informada pelo professor Zé Bento de alta herdabilidade genética.
Até chegar nesse padrão de nelore, de alta produtividade, os primeiros passos foram para melhoria genética para fertilidade, depois para o ganho de peso e qualidade das carcaças.
Índice CFM
O professor Zé Bento, que presta assessoria técnica à CFM há 28 anos, também fez questão de ressaltar que, ao todo, 17 características são avaliadas no rebanho da empresa, que agora está centralizado no Estado de Mato Grosso do Sul, município de Aquidauana, na Fazenda Lajeado, propriedade de 48 mil hectares e que compreende áreas no planalto e no Pantanal. As fazendas do grupo no Estado de São Paulo praticamente viraram lavouras de cana-de-açúcar.
O Índice CFM se baseia em porcentuais que variam de acordo com as necessidades de fertilidade, crescimento e carcaça, três pilares buscados pelo pecuarista. Confira quais são estes índices:
- 20% Peso ao Desmame;
- 20% Ganho de Peso;
- 20% Peso aos 18 meses (sobreano);
- 20% Musculosidade;
- 10% Perímetro Escrotal;
- 10% Probabilidade de Prenhez aos 14 meses.
Preservação ambiental
Além de todo o trabalho na produção de genética, a CFM também conciliou uma produção totalmente em sintonia com o meio ambiente. A propriedade preserva muito além do que diz a legislação.
“Só para dar um número, o porcentual de reserva legal em São Paulo e Mato Grosso do Sul exigido por lei é de 20%, e a nossa área de reserva em todas as propriedades do grupo está próxima de 34%”, destaca.
Confira na íntegra a entrevista no vídeo abaixo: