Segundo giro ajuda, e confinamento deve crescer até 3% em 2017

Em entrevista ao Giro do Boi, Alberto Pessina, presidente da Nova Assocon, disse que pecuarista deve estar atento a indicadores fora da porteira para aproveitar oportunidade similares

Nesta quinta, 16, o Giro do Boi recebeu em estúdio ao vivo o pecuarista e presidente da Nova Assocon, a Associação Nacional da Pecuária Intensiva, Alberto Pessina. Em entrevista concedida ao apresentador Mauro Sérgio Ortega, ele destacou o aumento do volume de gado terminado no cocho no segundo giro da safra de confinamento em 2017.

“Estamos contentes porque o final do ano foi bem melhor e salvou o início ruim. Os números vão fechar em dezembro, mas a gente estima que deve ter um pequeno crescimento. O primeiro giro foi um pouco menor, mas com o segundo devemos estar subindo. A gente acredita que vai dar um aumento entre 2% e 3% do que foi ano passado”, estimou Pessina. Entre as causas que incentivaram os pecuaristas a fechar gado no cocho está a baixa no preço do milho. “Ajudou a minimizar o custo e a formatar um ganho no segundo giro”, detalhou.

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O presidente da associação reforça que, além de ajudar a acelerar o ciclo do boi dentro da fazenda, o confinamento pode ser visto como uma ferramenta para agregar sustentabilidade à pecuária brasileira, já reconhecida como uma das que menos emitem gases de efeito estufa em todo o mundo. “A gente precisa começar a passar a informação que estamos cuidando dos nossos recursos, produzindo mais alimentos com menos recursos, com mais respeito ao meio ambiente. Existe um trabalho da Embrapa sobre pastagens adubadas que aponta que em níveis em que a lotação parte de duas unidades animal por hectare a atividade passa a retirar carbono do ar, não emitir. Então no mix total, passa a acumular carbono no solo”, realçou.

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Mas para desfrutar de uma boa imagem e que ajude o país a vender mais carne, tanto no mercado interno quanto externo, Pessina pediu organização da cadeia produtiva. “Nós temos um potencial vender isso lá fora que é gigantesco. O Brasil é um país que pode fazer uma carne super sustentável. Nós já somos o país em que a pecuária que menos emite gases do efeito estufa, mas falamos muito pouco lá fora. E isso é marketing, não é da nossa porteira, é de fora da cadeia. Temos que pensar nisso”, salientou.

Pessina estimulou em diversos pontos de sua entrevista os pecuaristas a estarem atentos ao que acontece fora da cadeia produtiva, tanto para aproveitar oportunidades de mercado quanto para aumentar sua produtividade e, consequentemente, a renda. “Ao produtor falta uma coisa. Ele está muito voltado ao que faz dentro da fazenda, trabalha muito o lado produtivo e se esforça para obter mais ganho de peso do seu gado. E no confinamento, principalmente, o grande custo vem da compra da reposição, cerca de 70%. Se ele errar na ração, são mais 20% comprometidos. Então algo que ele tem que olhar é fora da fazenda, olhar mercado, desenvolver estratégias para comprar bem, senão não garante resultado”, aconselhou.

O presidente da Nova Assocon declarou ainda que não apenas o lado quantitativo, mas o qualitativo da produto final deve ser levado em consideração. “Temos que olhar a cadeia como um todo. Ela ainda é imatura e estamos desunidos nisso. Nós falamos muito que queremos que paguem bem no nosso boi, mas o que estamos construindo para vender essa carne bem?”, indagou Pessina, advertindo de que os concorrentes estão à frente neste quesito.

Mas o pecuarista celebrou o fato de que o Brasil está bem posicionado neste momento para o aumento da produção e da qualidade da carne que oferece, exaltando a oportunidade existente pelo gap de produtividade em relação aos principais concorrentes. “Com pouca tecnologia, podemos produzir mais e ser o fornecedor desta demanda que vem por aí”, finalizou.

Confira a entrevista de Alberto Pessina completa ao Giro do Boi desta quinta, 16: