A quantidade de mídias e a complexidade do mundo moderno exigem conexão contínua de produtores, ou fornecedores, com seus mercados e clientes. Este é um dos desafios que a comunicação do agronegócio enfrenta no Brasil e no mundo todo, apontou nesta segunda, 21, o filósofo, jornalista e publicitário Coriolano Xavier, especialista em marketing, professor e coordenador do Núcleo de Estudos do Agronegócio da ESPM e vice-presidente de comunicação do CCAS, o Conselho Científico para o Agro Sustentável.
Para o especialista, o meio rural se comunica muito bem entre si, haja visto o sucesso de setor em relação aos ganhos de produtividade. Os principais obstáculos, para Xavier, são situações pontuais de cadeias produtivas que eventualmente não acompanham as mudanças de um dinâmico mercado de consumo de informação.
“Na verdade, não é uma questão de se comunicar mal. No fundo, o mundo mudou nos últimos tempos e mudou radicalmente do ponto de vista do acesso à informação e da educação, os meios de comunicação. E muitas vezes o agro encontra alguma dificuldade em lidar com essa realidade. Quando a gente fala que o agro está com alguma dificuldade em se comunicar com a sociedade, não é o agro em geral, ainda que tenha algumas questões que dizem respeito a todo mundo. Mas são certos setores, certas cadeias que ficaram um pouco mais para trás, enfim, não acompanharam esta rapidez da evolução”, detalhou Coriolano.
O professor destacou ao longo da entrevista concedida ao programa quais são os desafios inerentes à cadeia da pecuária de corte. Lembrando do comercial que consagrou o bordão “Danoninho vale por um bifinho”, Coriolano destacou que “a carne vermelha era uma referência. Deixou de ser. Está aí já um primeiro desafio do setor. Revigorar o seu conceito como proteína animal”, apontou.
“Outro desafio é esta questão de sanidade, que é imposta independente de sua raiz, sua origem. Ela está posta na mente das pessoas. Se você fizer uma pesquisa, isso vai sair. […] A gente fez uma pesquisa recente comparando carnes e geral e aparece lá um dos pontos da carne bovina é a questão de preço, o que é natural em uma época de três anos de crise do qual viemos. O que eu vou comunicar em uma hora dessa? Novas formas de fazer carne que renda mais o produto. É esse trabalho incansável. Não dá mais para se pensar em uma campanha, num anúncio, numa ação qualquer de um modo isolado. Na verdade é uma campanha contínua. E se a gente for para as cadeias do agro que hoje obtém algum sucesso melhor nesta área de comunicação, pode buscar na história delas. Elas começaram ali pelos anos 80, 90, e não pararam mais. O tempo todo é pressão em cima do mercado, pressão em cima da sociedade”, acrescentou.
Para o coordenador do Núcleo de Agronegócios da ESPM, a crescente exigência dos consumidores por segurança e qualidade do produto é outra barreira a ser superada com informação. Isto ocorre à medida que a carne brasileira tem acesso a mercados com sociedades de cultura consolidadas. “Todo mercado maduro, mais desenvolvido, com uma população de maior renda, de nível educacional maior, ele torna-se gradualmente mais exigente quanto a estes produtos. A gente vai enfrentar cada vez mais esse tipo de questionamento, esse tipo de demanda em torno de qualidade e segurança do alimento”, mencionou.
Além de precisar se comunicar melhor com seus consumidores finais, o setor da carne bovina ainda enfrenta a concorrência de qualidade de produto e qualidade da comunicação de grandes países produtores da proteína vermelha, aumentando o desafio.
Para comentar estas questões e debater soluções, Coriolano aproveitou a oportunidade para convidar profissionais da comunicação do agro para o curso “Ângulos estratégicos da comunicação e outros serviços de marketing no agro“, ministrado por ele e que começa na noite desta segunda, 21, na sede da ESPM em São Paulo-SP. Veja mais detalhes no link abaixo:
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A entrevista na íntegra de Coriolano Xavier ao Giro do Boi pode ser vista pelo player abaixo: