O rastro do sucesso para as fazendas de cria. Foi o que anunciou em mais uma edição do quadro Dicas do Chaker, no Giro do Boi desta quinta, 17, o zootecnista e mestre em produção animal Antonio Chaker, diretor do Inttegra. “Se você quer entender quais são os indicadores que definem o êxito de uma fazenda de cria, que produz bezerro, essa dica é pra você”, anunciou.
Chaker começou apontando qual o potencial de resultado por hectare de uma fazenda voltada à produção de bezerro. “Você precisa ter o seguinte entendimento: a cria, na média, deixou em torno de R$ 250,00 por hectare. Porém os melhores deixaram R$ 679,00 por hectare”, quantificou.
“Esses R$ 679,00 por hectare representam 3% sobre o que vale a terra, incríveis 22% sobre o que vale o rebanho – um petardo, um resultado maravilhoso que a cria deixou pelo que vale o gado – 1,8% ao mês, que é uma delícia de resultado. Hoje a gente faz de tudo, como poupança, aplicações e não dá nem 0,4% ao mês, mas a cria deu 1,8%. Ainda um retorno sobre o investimento operacional, que é o que eu ganhei sobre tudo que eu gastei, de 14,6%, e uma margem sobre a venda de 42,6%, produzindo um bezerro a R$ 884,00”, detalhou o consultor.
Os números foram revelados pelo estudo de benchmarking da consultoria e são referentes à safra 2019/20. O levantamento dos dados nesta temporada incluiu 447 fazendas que detém um rebanho total de 1,5 milhão de cabeças em todos os estados brasileiros, além de Paraguai e Bolívia.
Relembre abaixo o lançamento do Benchmarking 2019/20:
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Na sequência, Chaker revelou quais são os caminhos para atingir o potencial destacado inicialmente. “Quais são os índices que vão, juntos, me levar a esses resultados incríveis? O primeiro deles é você montar um projeto para superar a produção de sete arrobas por hectare ano. Chegar o mais perto de oito, se possível, que é a referência para os top rentáveis de cria. Esse número muda, melhora a cada ano”, indicou.
“O GMD global, que é o ganho médio do conjunto vaca-bezerro, foi 350 gramas. A lotação dessas propriedades é de 1,6 UA/ha. ‘Mas, Antonio, eu não tenho 1,6, eu tenho 0,8’. Muito bem, então prepare um projeto para, no ano que vem, ter 0,9, depois para 1 e assim por diante. Limpe as pastagens, redivida, fertilize – respeitando gastar 60% do que você produz – para melhorar a lotação e chegar a 1,6 UA/ha”.
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O INDICADOR MAIS PODEROSO DA CRIA
“E aí vem o indicador mais poderoso da cria, que é desmamar 163 quilos de bezerro por matriz exposta (à reprodução). […] Essa conta é muito simples: total de quilos de bezerros desmamados, ou seja: (total de macho x peso de macho) + (total de fêmea x peso de fêmea) dividido pelo total de fêmeas em reprodução. E a cria, então, entregou 160 quilos”, apontou.
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Chaker lamentou que a média brasileira ainda esteja muito abaixo desse patamar de resultado. “Você sabia que nós estimamos que o Brasil produza 88 quilos de bezerros desmamados por vaca exposta à reprodução? E aí você vê que para ser uma fazenda top rentável, ela precisa ter praticamente o dobro desse valor, ou seja, alta fertilidade, alta taxa de desmame e alto peso ao desmame para chegar nisso. Ou seja, vaca ganhando peso durante a monta com genética e sanidade em dia”, relacionou.
O zootecnista também confirmou como devem ser as relações de desembolso para alcançar os indicadores que levarão a fazenda de cria ao topo do resultado. “As fazendas de cria top rentáveis gastaram em torno de R$ 4,40 por cabeça ao mês em pastagem, R$ 5,80 com nutrição, no máximo 39% dos custos foram custos fixos – ou seja, mão de obra administração, imposto, manutenção da fazenda. E já que eu falei em mão de obra, é gastar em torno de R$ 10,00 por cabeça ao mês, que é com salários, encargos, prêmios e benefícios para a turma, além de organizar essa propriedade com uma relação de 711 cabeças para cada funcionário, podendo faturar R$ 249.000,00 por funcionário/ano”, disse Chaker.
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“Com esse conjunto de iniciativas, você consegue trabalhar muito bem uma fazenda de cria. E do ponto de vista técnico aqui aplicado, você deve se lembrar que eu tenho novilha, eu tenho primípara e eu tenho multíparas. Cada uma dessas categorias deve ser cuidada de forma separada, com estratégias nutricionais sanitárias e genéticas distintas. Além disso, eu preciso lembrar que eu sempre devo ter um ganho de condição corporal durante a monta, com inseminadores muito bem preparados, com protocolos de qualidade”, advertiu o consultor.
Chaker lembrou também da importância da genética na composição da margem do criador. “Você que usa touro, seja para repasse ou monta, utilize sempre animais geneticamente superiores. A gente sabe que, afinal, um animal ruim precisa comer 13 a 14 quilos de matéria seca para ganhar um quilo de peso vivo, enquanto um animal bom come 4, 5 ou 6. Um animal ruim desmama com 150 quilos, enquanto o animal maravilhoso chega a desmamar com 240, 250 quilos sem creep feeding. Com creep feeding é ainda mais”, projetou.
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“Que você tenha capricho e dedicação para você ter uma incrível fazenda de cria e rentável, com 1,8% ao mês”, convidou.
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Veja as considerações do zootecnista Antonio Chaker pelo vídeo abaixo: