
Veterinário aponta técnicas de manejo e prevenção de mastite para manter alta produção de leite
Para o pecuarista de leite, alcançar o pico de lactação e mantê-lo estável durante toda a ordenha é o objetivo mais desejado — e também um dos mais desafiadores. Mesmo com uma nutrição balanceada e os cuidados de saúde em dia, outros fatores impactam diretamente o desempenho produtivo da vaca. É preciso olhar com atenção para o manejo, o bem-estar animal e o histórico de lactações anteriores.
Em busca de soluções práticas e acessíveis, nossa equipe foi até Carambeí (PR) conversar com o médico-veterinário Leandro Silva, coordenador técnico da Boehringer Ingelheim, parceiro de conteúdos do Giro do Boi. Leandro atua em cinco estados e tem acompanhado de perto os principais desafios das propriedades leiteiras. Veja o vídeo:
Reduzir oscilações é o caminho para mais produtividade
“As oscilações são difíceis de evitar, mas quanto mais diminuir, melhor”, afirma Leandro. Segundo ele, manter a estabilidade na curva de lactação exige uma estratégia bem definida antes mesmo do parto.
Uma das práticas recomendadas é a secagem programada da vaca com cerca de 60 dias de antecedência ao parto. “Isso garante que ela tenha um parto mais saudável e um novo ciclo produtivo de aproximadamente 10 meses”, explica.
Esse período de descanso do úbere é fundamental para regenerar o tecido mamário, melhorar a resposta imunológica e preparar o organismo da vaca para a nova lactação.
Mastite ainda é a maior vilã da ordenha
Entre os fatores que mais causam perda de produção ao longo da lactação, a mastite segue liderando. “As mastites são responsáveis por até 70% das perdas de leite em muitas propriedades”, alerta o veterinário.
A infecção no úbere não apenas reduz o volume de leite, como também altera sua composição e qualidade. Isso pode prejudicar tanto o pagamento por qualidade quanto a saúde do consumidor final.
Para prevenir o problema, Leandro reforça a importância de:
- Realizar a cultura microbiológica para entender os principais agentes infecciosos;
- Aplicar corretamente os protocolos de secagem e tratamento preventivo;
- Adotar um manejo higiênico e consistente na sala de ordenha;
- Garantir que o ambiente de descanso do animal seja limpo, seco e ventilado.
O papel da nutrição e do bem-estar animal
Além da saúde do úbere, a nutrição de precisão também é essencial para sustentar o pico de lactação. A dieta deve ser ajustada conforme as exigências do início, meio e fim da lactação, considerando fatores como:
- Energia e proteína adequadas para a produção;
- Inclusão de minerais e vitaminas que auxiliam no metabolismo e imunidade;
- Uso de aditivos e tamponantes para evitar distúrbios metabólicos.
Outro ponto destacado é o bem-estar animal. Vacas que enfrentam estresse térmico, superlotação ou desconforto tendem a reduzir a ingestão de matéria seca e, consequentemente, a produção de leite.
Produzir mais e melhor com planejamento
A manutenção do pico de lactação não depende apenas de técnicas isoladas. É o resultado de um planejamento estratégico, que começa antes do parto e segue ao longo de toda a lactação. O foco deve ser a consistência no manejo, aliada à prevenção e ao acompanhamento técnico constante.
Ao investir em práticas simples como a secagem adequada, o controle da mastite e o ajuste nutricional, o produtor evita perdas e garante um rebanho mais produtivo e saudável.