O momento crucial para o produtor saber se vai precisar investir em uma reforma completa do pasto ou se é possível recuperar as forrageiras com um bom manejo é durante a entressafra. No período seco, é o manejo de pastagem que define a estratégia forrageira para quando as chuvas voltarem. Nesta segunda, 15, o engenheiro agrônomo e consultor Diego Sichocki falou sobre o assunto no Giro do Boi.
“Ele (o pecuarista) tem que criar um sistema em que o pasto não fique totalmente ocupado. Ele pode ser pastejado, porém o (excesso de) gado tem que ser retirado de cima para que ele entre em fase de recuperação porque a cada folha que o pasto emite, ele emite também uma nova raiz, então pasto que não tem folha está se comprometendo muito em seu sistema radicular”, alertou Sichocki.
Como a carga do pastejo será reduzida, é preciso que o produtor encontre uma fonte alternativa de alimentação, como silagem, ração ou outra forma de suplementar o rebanho. Caso isto não seja feito, a intervenção via reforma completa, que custa mais do que a mera recuperação, será inevitável.
Dependendo das condições da pastagem, caso, por exemplo, ela tenha passado por entressafras em sequência sem um descanso, ou esteja em regiões que sofrem mais com a estiagem, a vedação completa se faz necessária “para evitar o massacre”, comparou o consultor. “Vejo que o principal equívoco que o produtor de gado hoje comete é carregar demais a lotação na época em que o pasto não poderia ser carregado”, ressaltou.
E como saber se não há mais recuperação para um pasto degradado? Segundo o agrônomo, quando a população de capim for menor do que cinco a seis touceiras por metro quadrado, e que se pode notar espaços em branco na pastagem, e a brotação do capim começa a diminuir, aí já não é possível recuperar.
Para o produtor que não puder evitar o custo com a reforma, a melhor maneira de lidar com isto é transformar o gasto em investimento – não desperdiçar e recuperar os recursos destinados ao manejo. O consultor falou sobre pontos importantes que devem constar no “checklist” destes pecuaristas, tais como análise com consequente correção do solo com elementos como calcário, fósforo e potássio, gradear e nivelar bem a terra para oferecer condições ideais de brotação, realizar o manejo junto à retomada das chuvas (quanto mais cedo, mais o pecuarista aproveita a volta das águas) e, após o nascimento do capim, esperar cerca de 40 a 50 dias para colocar o primeiro lote de animais (recomendado que seja uma categoria leve) para o primeiro pastejo.
Este passo é fundamental para a boa formação do pasto, mas tem pontos de atenção. Os animais não devem ser pesados e o solo não deve estar tão encharcado pelas chuvas, o que aumentaria as chances de arrancar as raízes da planta. Esta leve “despontada” do capim serve para estimular o crescimento de perfilhos e aumentar a produção de matéria pela planta. O que deve ser evitado nesta etapa é iniciar o pastejo somente quando o capim já sementeou, o que diminui a capacidade produtiva e nutricional da planta. Além disso, touceiras grandes demais podem tombar e abafar as menores que estão seu redor, prejudicando seu desenvolvimento, acrescentou Sichocki.
O agrônomo advertiu que, no entanto, tudo começa na ponta da caneta e na planilha de Excel. O produtor deve planejar a etapa levantando todos os custos. Enquanto isso, usar fontes alternativas de alimento para os animais, evitando sobrecarregar o pasto para não agravar ainda mais sua situação.
Veja a entrevista completa com o agrônomo e consultor Diego Sichocki no vídeo abaixo: