O pecuarista Ary Getúlio, que cria cerca de 550 cabeças em sistema produtivo de ciclo completo nas suas duas propriedades em Pádua, no Rio de Janeiro quer saber quais as opções de beneficiamento do sorgo granífero para alimentar o seu gado de olho em tornar a dieta mais econômica, já que os preços da soja e do milho dispararam recentemente.
“Infelizmente com o preço do milho e da soja e a necessidade de sustentabilidade, acho que temos que buscar alternativas para continuar produzindo o excelente gado de grãos tipo exportação, que a cada dia é mais comum no Brasil todo. Uma sugestão é vocês nos mostrarem como beneficiar as sementes de sorgo, sem silagem”, solicitou. Segundo o produtor, em sua região a disponibilidade de volumoso não é um problema, mas sim a suplementação com amido e proteína verdadeira. “Precisamos do sorgo, pois este não serve para a concorrência dos suínos e aves, e sim para ruminantes. Mas como moer e conservar as sementes de uma forma prática e barata?”, escreveu Getúlio, completando a questão.
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O Giro do Boi acionou o zootecnista Ramon Salvatte, técnico de gado de corte da Trouw Nutrition, para pontuar suas considerações.
“Para o primeiro cenário, que é o caso do produtor que planta, a opção é escolher uma semente de sorgo granífero. O ciclo da planta é em torno de 140 a 150 dias até a colheita. Essa colheita ocorre no período em que o sorgo atinge o seu ponto de maturidade fisiológica, ou seja, o grão estaria com uma umidade em torno de 15% a 17%. Mas dessa forma, inviabiliza o armazenamento do grão de sorgo com esse teor de umidade, então o correto seria esse sorgo passar por um secador e, após realizar a secagem, diminuindo essa umidade para teores próximos de 13% de umidade no grão, aí sim você poderia fazer o armazenamento desse grão de forma seca”, informou.
“Outra alternativa que a gente tem buscado fazer, e aí até engloba o produtor que vai comprar o grão oriundo do mercado ou também o produtor que vai fazer o seu próprio grão, é fazer o silo de sorgo reconstituído, que poderia ser feito com milho também. Em que consiste essa técnica? A gente pega o grão seco, ou adquirido no mercado ou do campo, eleva a umidade dele para teores de 35% a 40% de umidade, processa esse grão e conserva em forma de silo”, acrescentou o especialista.
Salvatte justificou a recomendação. “Quais seriam as vantagens de utilizar esse grão reconstituído na propriedade? O primeiro ponto é que ele melhora o valor nutricional do alimento. Com o processo de moagem e ensilagem, a gente rompe as matrizes que envolvem o grânulo de amido e deixa esse grânulo mais disponível. A segunda vantagem seria que o animal utiliza melhor esse grão, então ele ganha em eficiência alimentar. E a técnica permite ainda uma otimização dos recursos da fazenda. A gente pode programar a confecção desse silo a qualquer momento na fazenda, ou seja, na compra estratégica desse grão, otimizando o recurso de trazer um equipamento ou mesmo a compra de algum equipamento. Outra vantagem é a forma de armazenamento, que é barato, ele tira a opção do produtor ter que levar esse grão colhido na propriedade para um silo de terceiros. Isso gera custos e evita ataques de pragas nesse material ensilado. Se você for guardar o sorgo na fazenda ensacado ou num silo que não é próprio, pode ser que ocorram alguns ataques de pragas e também perdas por micotoxinas ou fungos, algo que possa atingir esse sorgo guardado”, advertiu.
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Se você tiver dúvidas a respeito de manejo de pastagens e/ou integração, envie sua pergunta para o especialista no link do Whatsapp do Giro do Boi, pelo número (11) 9 5637 6922 ou ainda pelo e-mail [email protected].
A resposta completa do zootecnista pode ser vista no player abaixo: