Nesta sexta, 1º, o Giro do Boi exibiu entrevista do repórter Marco Ribeiro com Flávio Dutra Resende, mestre e doutor em zootecnia e pesquisador da Apta, a Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, órgão vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. Na conversa, o pesquisador deu dicas para os pecuaristas que querem aproveitar a oportunidade no descarte de fêmeas para elevar a receita com a venda da categoria, terminando os animais e comercializando as carcaças com maior potencial para captura de valor.
Mas qual a dificuldade para fazer com que isto aconteça? O doutor em zootecnia explicou. “Tradicionalmente no Brasil se faz a estação de monta entre novembro, dezembro e janeiro. Algumas fazendas eventualmente vão até fevereiro, chegando até março. Normalmente nessa época as vacas que não ficaram prenhes são descartadas, muitas delas com condição corporal muito baixa, então quando o pecuarista as vende, a indústria vai penalizar muito, o rendimento de carcaça é muito baixo, ela entra em uma condição de carcaça muito ruim, com o acabamento muito ruim e muitas vezes a penalização chega a até 10% sobre o valor arroba do boi porque a carcaça realmente vai estar muito ruim, leve e sem acabamento”, analisou.
A engorda em confinamento representa um grande desafio, pois há mudanças bruscas de dieta e ambiente na comparação com o que as vacas, principalmente as matrizes Nelore tradicionais, recebiam antes deste período. Por isso é essencial ficar com os olhos atentos e treinados para observar o comportamento destes animais, pois a taxa de refugo pode chegar a até 25%. Nesses casos, o zootecnista recomenda que as vacas voltem ao regime de pasto, pois correm o risco de morte pela não adaptação ao cocho.
Por isso a terminação intensiva a pasto de fêmea vira uma alternativa economicamente viável e segura. O ponto de atenção, neste caso, é que a recuperação do escore corporal não pode ser abaixo do necessário, mas também não pode ir muito além, pois pode haver deposição de gordura cavitária, o que seria um desperdício de recursos.
E, afinal, qual é o ponto ótimo para abate da vacada? O jargão que diz que “alisou, manda embora”, faz sentido? Segundo Resende, sim. “Pouco não resolve e muito também não resolve. O pecuarista tem um jargão. Vaca alisou, manda embora. É exatamente isto. Nós demos uma alisada nela, colocamos 3,5@ nessa vaca”, quantificou. Assim, segundo Flávio Dutra Resende, em valores de mercado, é possível lucrar entre R$ 170 a R$ 180 com esta vaca de descarte terminada intensivamente a pasto, uma quantia que até confinamentos profissionais têm dificuldade para obter com machos terminados no cocho.
No vídeo abaixo, o pesquisador da Apta conta os detalhes de um estudo que a agência fez com diferentes níveis de ração e suplementação para a terminação ótima de vacada e ainda listou dicas para a engorda de novilhas, uma categoria que pode capturar valor tanto na qualidade da carcaça quanto por protocolos que reconhecem a entrega de carne de qualidade.
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