Com início despretensioso, influenciadora virou referência ao criar perfil “Ela é do Agro”

Conheça a história de Aretuza Negri, cuja relação com o campo vem desde o berço e foi decisiva para que se tornasse uma das principais formadoras de opinião do setor

Natural de Rio Brilhante, em Mato Grosso do Sul, e de família ligada ao agro, Aretuza Negri conseguiu realizar seus sonhos começando de maneira despretensiosa, como revelou em entrevista concedida ao Giro do Boi nesta terça, dia 05.

Como seu pai trabalhava em uma usina no município sul-mato-grossense e seu avô era produtor rural quando ela era criança, o rumo da carreira foi algo natural para a influenciadora. “O agro foi algo que veio do berço, que fez parte da nossa criação em casa. Os meus pais se preocuparam muito em ensinar o que é o trabalho do produtor rural, o quanto a gente deve valorizar”, contou.

Depois de mudar para Piracicaba, Aretuza cumpriu mais uma parte de seu sonho, que foi a formação no MBA em Agronegócio pela Esalq/USP. Com o berço no campo e capacitada para enfrentar os novos desafios do setor, a jovem estava prestes a criar sua principal contribuição para o agro até então.

“O ‘Ela é do Agro’ surgiu de uma forma muito despretensiosa. Eu nunca tive a intenção de ser uma influenciadora digital porque quando eu comecei, as referências que nós tínhamos eram as grandes celebridades, aqueles perfis com milhares de seguidores, então eu nunca pensei que o Ela é do Agro fosse tomar essa proporção de autoridade que tem hoje. E ele começou porque eu senti necessidade de buscar e ampliar meu networking”, relembrou.

Negri comentou como percebeu inclusive a mudança no perfil dos influenciadores do agro nas redes sociais. “Na hora que você abria a rede social mais usada para poder fazer esse networking, que era o LinkedIn, eu lembro que só tinha as ‘cabeças brancas do agro’, com todo respeito às pessoas que estão a muito tempo dentro do agro, e em sua maioria eram homens. E aí eu já estava começando a sentir uma nova vertente dentro do agro, uma nova interface, que era a chegada das mulheres com força. Não que elas não tivessem presença no agro, mas agora elas se mostravam mais. E dos jovens também”, afirmou.

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Segundo Aretuza, a partir daí outras plataformas também passaram a abrigar formadores de opinião do setor. Foi quando ela decidiu que, pelo aumento da demanda por informação, este passaria a ser, de fato, o seu negócio.

“É um trabalho que gera muito prazer porque você vê o crescimento de algumas mulheres e você ouve coisas do tipo ‘você me encorajou’. Isso é muito importante, chega a até emocionar algumas vezes”, disse, comovida, a influenciadora.

Conforme revelou Aretuza, a linguagem que usa em seus perfis é “leve e menos técnica” para cumprir o papel de traduzir a complexidade da produção agropecuária.

“Faz com que seja um conteúdo consumido por pessoas que estão desde dentro da porteira até a dona de casa, que está ali na cozinha, preparando aquilo que a gente produz. Então eu acho isso muito bacana. E eu até brinco que o Ela é do Agro se tornou um ambiente saudável para a construção. Às vezes a gente coloca um assunto um pouco mais polêmico, que gera uma discussão um pouco mais enérgica, mas a gente percebe que as pessoas conversam nos comentários”, celebrou.

Ela é do Agro: plataforma criada em 2017 usa linguagem acessível para ampliar o alcance

A jovem empreendedora sustentou ainda que o produtor deve mudar a forma com que rebate falsas acusações ou falsas impressões sobre o trabalho desenvolvido no campo. “A gente tem que falar com inteligência, falar com estratégia, falar de forma educativa. Não adianta a gente ficar só na defesa do agro, às vezes a gente pode fazer a defesa do agro de uma forma um pouco mais branda. Eu até faço esse alerta sempre que eu posso: tome cuidado com aquilo que vocês postam nas mídias sociais, dê uma avaliada, dê aquela segurada no fervor. […] Essa pandemia que nós vivemos veio para intensificar o poder do agro. Eu acho que o agro ficou muito em evidência nessa situação porque o mundo inteiro sofreu com isso que nós vivemos e o nosso agro não parou. […] Somos um setor em evidência e que a gente tem que tomar muito cuidado com a forma com a qual a gente fala sobre ele para que os estereótipos e as pessoas que não conhecem esse setor produtivo se reforcem”, sugeriu.

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CONGRESSO DAS MULHERES DO AGRO

Conhecida em suas plataformas sobretudo pela cobertura de eventos, Aretuza aproveitou para fazer um convite ainda para a próxima edição do Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio, que ocorre de forma virtual entre 25 e 27 deste mês.

“São seis edições e a cada ano aumenta mais ainda o número de mulheres que participam e eu acho que é muito bacana isso porque ali a gente tem um ambiente de discussão. […] É um evento que não é só para mulheres, é um evento para quem quer falar sobre agro. […] Eu acho que isso é importante para que a gente não crie essa diferença entre mulher do agro e homem do agro. Eu acho que nós somos dois gêneros com habilidades diferentes, mas que são complementares. Homens e mulheres devem trabalhar juntos em prol do agro”, opinou.

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Negri sustentou que este é um momento que pede a união de forças para que o setor continue ocupando espaços de forma positiva na sociedade urbana. “Cada vez mais existe essa necessidade por propriedades sustentáveis e isso não é mais uma questão de marketing, é uma questão de posicionamento de mercado. Vai se posicionar no mercado aquela propriedade que for sustentável, aquele produtor que souber trabalhar com essa questão da sustentabilidade. E quando eu falo de sustentabilidade eu não falo só do meio ambiente, mas eu falo de gestão, de novas tecnologias dentro das porteiras, então eu acho que o mindset do produtor, a mente do produtor tem que começar a se abrir para esse novo universo”, concluiu.

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Pelo vídeo a seguir é possível assistir a entrevista completa com a influenciadora Aretuza Negri: