Em entrevista ao Giro do Boi desta terça, dia 24, o engenheiro agrônomo, mestre e doutor em zootecnia Rodrigo Amorim Barbosa, pesquisador da Embrapa Gado de Corte, elencou estratégias de intensificação do sistema produtivo a partir do planejamento forrageiro.
Em artigo recentemente publicado pelo portal da unidade de pesquisa, consta que “segundo estudos da Embrapa é possível elevar de seis a oito vezes a capacidade produtiva da pastagem com estratégias adequadas. O primeiro passo é intensificar a produção adotando um dos vários modelos intensivos existentes no Brasil. Um deles é a combinação de tecnologias para uso no período das águas e da seca”.
O conteúdo divulgado pela Embrapa Gado de Corte destaca ainda que “baseado em resultados de pesquisa, na Embrapa Gado de Corte, com a adoção da proposta, ‘a lotação da propriedade sai de uma média de 0,9 para 2,8 arrobas/hectare/ano, com produção ao redor de 1.000/1.050 kg de peso vivo/hectare/ano, refletido em 530 kg de equivalente de carcaça, com redução na idade de abate, entre 20 e 24 meses a pasto’”.
Leia o artigo na íntegra pelo link abaixo:
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O pesquisador explicou como funciona esta combinação de tecnologias. “É um modelo de sistema intensivo onde você combina pastagens de alta produção para serem exploradas no período das águas e pastagens de menor produção, mas que tenham boas características, por exemplo, para se produzir feno em pé (na seca). Então são sistemas que você intensifica nas águas com adubação, explorando potencial da forrageira, e na época seca uma modalidade de intensificação seria a suplementação. E dependendo do modelo que você trabalha, fazendo uma suplementação mais concentrada ou proteica. A ideia é você ter um fluxo de animais terminado para abate durante todo o ano e com bons resultados, com resultados excelentes, com animais terminados com até 22 meses de idade e 550 kg, bons animais”, destacou.
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Em sua participação, o pesquisador explicou ainda o conceito de planejamento forrageiro para que o pecuarista entenda qual o objetivo da adoção de sistemas mais intensivos de pecuária a pasto.
“Basicamente o planejamento forrageiro é você tentar equacionar a relação de suprimento da demanda por alimentos. […] A ideia é que todos os animais da fazenda sejam alimentados de forma adequada. (Na seca) Você tem duas estratégias: ou você aumenta a quantidade de comida ou reduz a quantidade de gado. Essa é a lógica quando a gente fala de planejamento forrageiro. Como a ideia, na verdade, não é se desfazer de animais, você tem que fazer em algumas áreas estratégicas da propriedade o que nós chamamos de reserva de alimento. Você tem que fazer uma reserva de alimento porque sabe que a partir do momento em que começa a estação seca, que a partir de maio e junho […] o crescimento da planta para”, esclareceu.
Para que o manejo das pastagens possa ser classificado como um planejamento forrageiro, o momento em que o pecuarista toma as decisões é fundamental.
“Você tem que fazer esse planejamento na estação de águas anterior. Então todo planejamento para uma época de seca é feito na estação de chuvas anterior. Definição de áreas para vedação, qual o tipo de suplemento que você vai usar, tudo isso pra você equacionar na questão de suprimento de demanda por alimentos. Basicamente é isso”, resumiu.
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Amorim mencionou ainda os lançamentos de cultivares de forrageiras da Embrapa, cujo leque de opções praticamente cobre todo o território nacional. “Foram seis forrageiras de 2012 para cá. […] A grande vantagem é que agora a gente trabalha com esses materiais de forma estratégica para atender nichos específicos. A gente tem uma forrageira muito boa para integração, a gente tem uma boa forrageira para produção mais intensiva, quer dizer, a gente trabalha hoje tratando das especificidades e acabou aquela história de um capim para tudo. Então tem muito material forrageiro bom que está disponível no mercado para atender segmentos mais específicos”, salientou.
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Mas para que a forrageira expresse todo o potencial de seu melhoramento, o produtor não pode esquecer de devolver fertilidade ao solo. “A conta que não fecha é você achar que vai tirar sempre, vai explorar e não ter que devolver nada. Essa é uma conta que realmente não fecha. Então você deve saber exatamente o que uma forrageira vai demandar, tem que saber o que está na nossa caixa, no nosso solo. Então você tem que começar por uma análise da terra e ver direitinho o que a gente tem que colocar, até porque isso é o diferencial, você saber o quanto você vai aplicar de determinado nutriente. Às vezes falam para o pecuarista um número mágico, falam para ele aplicar duas toneladas de calcário e 100 quilos de MAP e está pronto, está quase formado. Você vai até formar, mas não vai formar do jeito correto”, alertou.
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Pelo vídeo disponível a seguir é possível assistir a entrevista completa com Rodrigo Amorim, da Embrapa Gado de Corte: