Nesta segunda-feira, 15, o Giro do Boi recebeu para entrevista o advogado, zootecnista e pecuarista André Bartocci, vice-presidente da ACNB, a Associação de Criadores de Nelore do Brasil. Bartocci fez uma projeção para o Circuito Nelore de Qualidade em 2021 e anunciou novidades para a série de abates técnicos.
“Eu imagino que nós vamos nos aproximar de 40 etapas em todo o Brasil, democratizando realmente esse campeonato muito importante. É muito importante lembrar que o produtor precisa entender de carcaça, ele precisa entender o que são zero dentes, dois dentes, quatro dentes, o que é gordura escassa, mediana e uniforme. Isso é muito importante. Se você, produtor, não entende disso, um grande conselho que eu dou como produtor, não como vice-presidente da ACNB, é que você participe de uma etapa do Circuito Nelore de Qualidade”, convidou.
Bartocci também apresentou a novidade para os julgamentos em 2021. “Nessa nova fase do circuito, nós vamos trabalhar com animais de paternidade conhecida. Como é isso? É algo declaratório, o produtor declara que o animal é filho de determinado touro e posteriormente isso será verificado através de teste de DNA, que é uma coisa muito simples que faremos no frigorífico mesmo”, esclareceu.
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“Uma das missões da ACNB é levar essa genética que já existe […] para a base da produção. Só para a gente ter uma base bem rápido, esse lote que você apresentou (relembre no link abaixo) é um exemplo do que pode acontecer com a raça Nelore, como ela é versátil, como ela é aceita nutrição, manejo e responde a isso de maneira muito eficiente. Só para a gente ter uma noção, os animais que vão no ranking entre 7 e 10 meses pesam, nesse período, entre 400 e 480 quilos. Então a genética existe! […] Há 15 anos, a gente pensava nisso, poderia pensar dentro de um cruzamento, mas é Nelore puro, totalmente adaptável, sem endo ou ectoparasitas. E um animal tropical com uma qualidade de produto espetacular”, disse Bartocci, justificando a nova categoria de julgamento de carcaça.
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Outra ação da Nelore para consolidar a evolução da raça Brasil afora foi mudar os valores para que leilões possam usar a chancela da associação. O valor que antes variava entre 0,25% a 0,5% do faturamento bruto do evento agora muda para um salário mínimo, independentemente da categoria comercializada (animais de elite, comerciais, sêmen, embriões ou aspirações). “É a da amplitude que a Nelore está querendo dar, respeitando todas as raças. […] Eu acho que isso vai ser muito importante”, confirmou.
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O vice-presidente da Nelore do Brasil destacou a importância da disseminação da genética Nelore para a pecuária brasileira – a qual, segundo ele, poderia ser outra caso a raça não fosse tão presente no rebanho do País. “Eu nasci na fazenda há 49 anos e […] hoje mudou tudo, a região mudou, a pecuária mudou. Eu acho que a única coisa que não mudou é que o gene Nelore continua se adaptando décadas após décadas e se superando. Tudo que a pecuária tem a gente deve ao Nelore e à braquiária. […] Nós temos que agradecer aos nossos antecessores, que escolheram esse caminho para a pecuária nacional, um caminho vencedor, um caminho de muitas conquistas para o Brasil. […] A agropecuária brasileira seria diferente se tivéssemos escolhido uma raça que não fosse tão adaptável”, projetou.
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Bartocci comentou também a superação da ANCB frente às dificuldades imposta pela pandemia. “O ano de 2020 foi uma escola. Eu acho que todos aprenderam. Para a pecuária foi até uma pós-graduação. A primeira coisa que a gente aprendeu com 2020 é que o futuro é incerto. Ninguém esperaria o que nós passamos e estamos passando ainda. E aí, quando é incerto, a gente tem que estar preparado e eu acho que a pecuária brasileira estava preparada”, opinou.
“O primeiro ponto que me chama atenção é como é bom estar num país que garante a segurança alimentar – lembrando que a segurança alimentar é a qualidade de você não deixar sua população passar fome, é quantidade de comida. Que bom que a pecuária pôde colaborar com isso e aí também com qualidade do alimento! A pecuária traz um alimento espetacular. Outro ponto muito importante que a gente percebeu, em 2020, é que como é bom a gente ter feito a lição de casa nesses últimos dez, 15 anos, em relação à sanidade. Hoje nós somos livres de febre aftosa. Lembrando que nós vacinamos febre aftosa por opção, por segurança, e nós já temos status livre de febre aftosa. Isso quer dizer que a gente pode exportar para o mundo. Imagine se a pandemia nos pegasse em um momento de fragilidade sanitária? Seria muito pior. Então a gente fez a lição de casa. E como Associação, eu acho que a grande lição foi ter bons parceiros, fortes parceiros. No caso, eu me refiro à parceria com o Friboi e a Matsuda, que foram importantíssimos nessa passagem”, reconheceu.
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“Eu posso afirmar que esse foi o melhor ano da ACNB, ou um dos melhores anos, apesar de todos os desafios. E aí nesse ponto eu preciso fazer uma referência especial ao nosso presidente, o doutor Nabih (Amin El Aouar, presidente da ACNB) […]. Ele soube indicar os caminhos, fortalecer o nosso produto final, que é a carcaça, que é a carne, sem deixar de lado, mas pelo contrário, fortalecendo também o ranking, o melhoramento genético. Eu acho que foi um ano desafiador, mas foi um ano vencedor”, observou.
Ainda em sua participação no Giro do Boi, Bartocci reforçou a oportunidade para os associados da ACNB agregarem valor aos animais comercializados para abate por meio do Protocolo Nelore Natural. “Eu gostaria de lembrar do Protocolo Nelore Natural, que está disponível nas plantas do Friboi. É muito importante para você, que é pecuarista – e não o pecuarista selecionador, mas aquele que tem o Nelore (comercial) – buscar a ACNB ou buscar os compradores de gado do Friboi porque temos o Protocolo Nelore Natural, que vai ter renovações esse ano. É um ótimo caminho para a gente melhorar tanto a rentabilidade quanto a raça Nelore”, reforçou.
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No vídeo abaixo é possível acompanhar a entrevista com André Bartocci na íntegra: