Ela é uma das principais pragas da pecuária brasileira. Atualmente, boa parte dos estudos de manejo de pastagens, seja para desenvolver novos métodos de controle, variedades resistentes ou produtos, está voltada para o controle dos danos provocados pela cigarrinha-das-pastagens.
Em novo episódio da série Pasto Extraordinário, resultado de uma parceria entre a Corteva Agriscience, Canal Rural e Canal do Criador, exibido no programa desta quarta, 27, uma especialista no assunto deu dicas sobre monitoramento da cigarrinha-das-pastagens para antecipar o controle e reduzir o custo do produtor nesta luta.
MENOS PRAGAS, MAIS SUSTENTABILIDADE
Segundo Cristiane Müller, líder de pesquisa de inseticidas na Corteva, o controle da praga está intimamente ligado à sustentabilidade do setor.
Em outras palavras, “quando falamos em sustentabilidade, não podemos deixar de pensar que, para isso, precisamos de uma pasto bem manejado, um pasto bem cuidado. É aí que entra um manejo adequado também de insetos pragas”, apontou Cristiane.
Assim como o pasto tem o desafio de enfrentar a matocompetição com plantas nativas, adaptadas naturalmente a cada região do Brasil, os insetos também representam páreo duro.
“Os insetos são organismos muito inteligentes. Eles são muito adaptáveis a diferentes cenários. E eles buscam formas de se defender e se desenvolver e perpetuar em diferentes ambientes”, ressaltou a pesquisadora.
Conforme revelou Müller, controlar a cigarrinha-das-pastagens é, nesse sentido, conhecer e combater todo o complexo de espécies do inseto.
“Caso nós não façamos o manejo adequado dessas pragas, elas podem se tornar um problema generalizado na produção, na lavoura, e isso, sim, pode trazer prejuízos muito altos”, alertou.
QUANDO COMEÇAR O MONITORAMENTO?
Segundo ponderou Cristiane, tais prejuízos são altos somente quando a população de insetos é elevada.
Portanto, antecipar o controle e evitar sua proliferação é imprescindível para que o problema seja resolvido mais rapidamente e com menos custos.
“A gente brinca que é o olho do dono que ajuda a engordar o boi. Nesse caso, é o olho de quem acompanha o pasto que ajuda a definir o momento ideal para que ocorra o sucesso no controle dessas pragas ou não”, comparou.
“Então, uma das coisas que é importante nós observarmos é que, começou a época das chuvas, começou também o momento de fazer o monitoramento da presença desses insetos”, sugeriu.
DUAS FORMAS DE MONITORAR A CIGARRINHA-DAS-PASTAGENS
Imediatamente, a pesquisa indicou duas formas complementares de o produtor monitorar a ocorrência da cigarrinha-das-pastagens dentro de sua porteira.
“Uma é observando a presença de espumas na base das plantas. Essas ninfas são muito sensíveis a baixas umidades, então elas produzem uma espuma que as protegem da perda de água. Assim, fica mais fácil para o produtor identificar plantas que tenham a presença desta praga”, explicou.
“Além disso, pode ser observada também a presença dos adultos. Eles geralmente se movimentam mais e ficam mais visíveis nas horas mais frescas do dia, uma vez que eles também não são muito atraídos por altas temperaturas. Então, em momentos mais quentes do dia, eles tendem a ir para a base do pasto e ficar mais escondido”, acrescentou.
FREQUÊNCIA DO MONITORAMENTO DA CIGARRINHA-DAS-PASTAGENS
“Dessa forma, o monitoramento deve ser feito com a maior frequência possível. O ideal é que ele seja feito sempre semanalmente, ou a cada 14 dias, mesmo em extensões grandes”, recomendou a especialista.
Em síntese, a pesquisadora lembrou que aumentar a frequência deste monitoramento pode contribuir para a detecção precoce da ocorrência do inseto, evitando prejuízos e custos altos com seu controle.
“Por quê? Um dos problemas do manejo (da cigarrinha-das-pastagens) é começar quando nós temos um grande número de insetos. Então você já tem um potencial de multiplicação de tal forma que se você controlar 90% daqueles insetos, os 10% que sobrarem provavelmente vão conseguir gerar outros indivíduos. Aí vai se tornar um processo muito mais contínuo”, alertou.
CONCLUSÃO
“Logo, o monitoramento é essencial e permite com que as táticas de controle adotadas – sejam elas produtos biológicos que temos hoje no mercado, produtos químicos, práticas culturais, como a própria carga do gado em cima de algum desses pastos -, se feitas com base no monitoramento, possam ser aplicadas de forma pontual”, justificou.
“Então, ao invés de o produtor tratar e gastar um recurso alto para tratar a área toda, ele pode direcionar somente para aqueles locais onde começaram essas infestações”, comentou.
+ Cigarrinhas, cupins, lagartas… como combater as principais pragas das pastagens?
Pelo vídeo a seguir é possível assistir o depoimento da líder de pesquisa de inseticidas na Corteva, Cristiane Müller, sobre o monitoramento da cigarrinha-das-pastagens: