Conselho cobra do MEC inclusão da profissão nas novas regras de ensino, alertando para riscos à saúde pública e ao bem-estar animal
O Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) se posicionou de forma contrária à nova portaria do Ministério da Educação (MEC), que reformula a política de educação a distância no Brasil e deixa de fora a medicina veterinária da lista de cursos que devem ser, obrigatoriamente, presenciais.
A norma determina ensino exclusivamente presencial para os cursos de medicina, enfermagem, odontologia, direito e psicologia. Para o CFMV, a exclusão da medicina veterinária é um equívoco grave que compromete a qualidade da formação profissional e ameaça a saúde animal, humana e ambiental.
Em reação imediata, o Conselho protocolou dois ofícios: um ao MEC e outro ao Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, cobrando esclarecimentos sobre os critérios adotados e reforçando a necessidade de revisão da medida.
Formação exige prática direta com animais
De acordo com o CFMV, a medicina veterinária não pode ser dissociada do aprendizado prático, que envolve contato direto com os animais e domínio de procedimentos clínicos, cirúrgicos, laboratoriais e de campo.
A entidade destaca que os médicos-veterinários são responsáveis pela segurança dos alimentos de origem animal, controle de zoonoses, bem-estar de rebanhos e monitoramento de doenças que podem causar pandemias, como foi o caso da influenza aviária.
“Tratar a formação de um médico-veterinário como passível de ser feita a distância é colocar em risco não apenas os animais, mas também a saúde pública e a segurança alimentar do país”, afirmou a presidência do Conselho em nota.
Setor rural apoia ensino técnico e de qualidade
A decisão do MEC gera preocupação também no setor agropecuário, especialmente entre os pecuaristas e produtores rurais, que reconhecem na medicina veterinária um pilar da produtividade, do controle sanitário e da rastreabilidade.
Para os profissionais do campo, a atuação de veterinários altamente qualificados e bem treinados é essencial para garantir eficiência reprodutiva, controle de doenças no rebanho e atendimento de exigências sanitárias de mercados internacionais.
“A gente precisa de veterinário com prática. Quem cuida do nosso gado precisa estar preparado para agir no campo, não só na teoria”, comenta um pecuarista de Mato Grosso do Sul, reforçando a importância da decisão do CFMV.
Conselho cobra revisão da portaria
Com o avanço do debate sobre a regulamentação do ensino a distância no Brasil, o CFMV afirma que seguirá atuando politicamente para que a medicina veterinária seja incluída entre os cursos com exigência de presencialidade integral.
A entidade defende que a profissão tenha o mesmo tratamento conferido à medicina humana, dado o impacto direto de sua atuação na cadeia produtiva do agro, no controle de zoonoses, na segurança dos alimentos e no equilíbrio ambiental.
Até o momento, o MEC não se pronunciou oficialmente sobre os motivos da exclusão do curso de medicina veterinária na nova regulamentação.