MELHORAMENTO GENÉTICO

PMGZ Carne é estratégia para o Brasil se livrar do “boi cabeceira de boiada”

Programa une genética superior e tecnologia de confinamento para aumentar produtividade e qualidade da carne bovina brasileira. Assista ao vídeo

PMGZ Carne é estratégia para o Brasil se livrar do “boi cabeceira de boiada”
PMGZ Carne é estratégia para o Brasil se livrar do “boi cabeceira de boiada”

Eliminar o famoso “boi cabeceira de boiada”, aquele reprodutor selecionado apenas por aparência e sem avaliação genética, é o objetivo central do programa PMGZ Carne, fruto de uma parceria estratégica entre a ABCZ e a Friboi. Assista ao vídeo abaixo e confira.

Em entrevista ao Giro do Boi, Eduardo Pedroso, zootecnista e diretor executivo de Originação da Friboi, destacou que essa iniciativa promete transformar a pecuária nacional, aumentando a produtividade e garantindo qualidade superior na carne brasileira.

A iniciativa é uma resposta direta a um dado preocupante revelado pela Associação Brasileira de Inseminação Artificial (ASBIA).

Segundo levantamento feito durante a Expozebu 2024, 30 milhões de bezerros por ano no Brasil são filhos desses bois cabeceira, geneticamente inferiores, resultando em animais tardios e com alto custo produtivo.

Esses animais atrasam o desenvolvimento da pecuária brasileira, prejudicando diretamente o rendimento dos pecuaristas.

Como funciona o PMGZ Carne?

Avaliação de carcaças através do PMGZ Carne. Foto: Divulgação
Avaliação de carcaças através do PMGZ Carne. Foto: Divulgação

O PMGZ Carne avalia animais provenientes de genética PO (Pura de Origem) em cruzamento com vacas comerciais, acompanhando todo o ciclo produtivo até o abate.

O protocolo monitora o desempenho zootécnico dos animais durante a terminação, realizada em confinamentos próprios ou homologados pela JBS.

Após o abate, são analisadas características essenciais como peso de carcaça, maciez, marmoreio e cobertura de gordura.

Eduardo Pedroso explica que essas informações são enviadas à ABCZ, onde especialistas processam os dados para fornecer ao mercado informações concretas sobre a eficiência dos touros utilizados.

“A ideia é, em pouco tempo, oferecer catálogos de centrais de inseminação com dados reais do desempenho dos filhos desses touros no abate”, ressalta o diretor.

Resultados comprovados na prática

Bovinos da Nelore Vera Cruz, uma das participantes do PMGZ Carne. Foto: Divulgação/Nelore Vera Cruz
Bovinos da Nelore Vera Cruz, uma das participantes do PMGZ Carne. Foto: Divulgação/Nelore Vera Cruz

Animais provenientes de genética comprovada chegam ao abate com 2 a 5 arrobas adicionais em relação à média do rebanho nacional, conforme dados da Friboi de 2024.

Pedroso detalha que, enquanto o peso médio dos machos abatidos ficou em torno de 20 arrobas, animais geneticamente superiores chegam regularmente com até 26 arrobas, representando um ganho adicional significativo, equivalente a até R$ 1.500 por cabeça.

Além disso, esses bovinos atingem o ponto ideal de abate de 12 a 15 meses mais cedo, proporcionando não apenas aumento de receita como também uma redução expressiva nos custos operacionais das fazendas.

“Produzir mais arrobas em menos tempo é o grande bônus do pecuarista”, enfatiza Pedroso.

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Tecnologia aliada à genética superior

Bovinos engordados na Terminação Intensiva a Pasto (TIP), na Novapec Agropecuária. Foto: Reprodução
Bovinos engordados na Terminação Intensiva a Pasto (TIP), na Novapec Agropecuária. Foto: Reprodução

O avanço no uso de tecnologias como a terminação intensiva a pasto (TIP) e o confinamento são fundamentais no sucesso do PMGZ Carne. Pedroso afirma que, atualmente, essas tecnologias são essenciais na pecuária de ciclo curto.

“Hoje o confinamento é uma tecnologia plenamente incorporada à rotina da pecuária nacional, ocorrendo de janeiro a dezembro, em todas as regiões”, diz.

O diretor ainda ressalta a importância da nutrição adequada, especialmente durante os períodos de seca, quando as pastagens perdem qualidade nutricional.

Com essas técnicas, animais jovens conseguem atingir o peso ideal para abate muito antes do tradicional gado criado apenas a pasto, que costuma demorar de 36 a 48 meses.

Democratização do melhoramento genético

O PMGZ Carne busca democratizar o acesso à genética melhoradora, incentivando pequenos e médios criadores a adotarem práticas que antes pareciam exclusivas para grandes propriedades.

Hoje, alternativas como confinamentos de prestação de serviço (boitéis) permitem aos produtores finalizarem seus animais com investimento controlado e resultados superiores.

Eduardo Pedroso reforça que o objetivo final é a substituição gradativa do boi cabeceira por touros avaliados e certificados.

“A pecuária moderna exige genética superior desde a reprodução. O barato sai caro, especialmente em genética”, alerta o executivo, lembrando que uma pequena economia inicial pode resultar em grandes perdas financeiras ao longo do tempo.

O futuro da pecuária brasileira

Com o PMGZ Carne, a expectativa é impulsionar o melhoramento genético nacional, garantindo maior competitividade para o Brasil nos mercados internacionais.

Segundo Eduardo Pedroso, a genética é o próximo grande passo após avanços recentes em nutrição, sanidade e bem-estar animal.

“O melhoramento genético ainda está atrasado frente aos outros pilares produtivos. O PMGZ Carne chega para preencher essa lacuna”, afirma.

A expectativa é que o programa contribua decisivamente para consolidar o Brasil como líder global na produção e exportação de carne bovina.

Essa transformação não se resume apenas à economia direta nas propriedades rurais, mas também amplia oportunidades no mercado externo, fidelizando clientes e abrindo portas para novos negócios, alinhado à busca incessante pela qualidade e sustentabilidade produtiva.

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