A mortalidade de bezerros no Brasil representa uma perda anual de quase 5 milhões de cabeças (entre o nascimento e a desmama), o que equivale a um prejuízo de cerca de R$ 10 bilhões.
Para combater esse ciclo, o programa Cada Bezerro Importa, da BE.Animal, foi criado com um conjunto de ações focadas na capacitação de vaqueiros e na implementação de boas práticas de bem-estar animal e manejo responsável no campo.
Em entrevista ao Giro do Boi, a médica veterinária e Doutora em Zootecnia Janaína Braga, da BE.Animal, explica que as principais causas de perdas são as doenças e os acidentes de manejo, ambos passíveis de correção.
O programa, que começou com pesquisas em fazendas de Mato Grosso, Bahia e São Paulo, validou que é possível reduzir a mortalidade em até 30% apenas refinando os protocolos de manejo.
Confira a entrevista completa:
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O segredo está nos detalhes do manejo
O programa Cada Bezerro Importa enfatiza que o primeiro passo é o desejo do produtor de mudar. O segundo é a atenção aos detalhes, que muitas vezes são negligenciados. Ao monitorar mais de 10 mil bezerros, o projeto levantou dados cruciais:
- Falha na colostragem: mesmo com uma alta taxa de cura do umbigo e atenção ao parto, o índice de diarreia ainda é alto (42,5% das mortes). A principal causa é a desidratação e a falha em garantir a ingestão de colostro (a primeira vacina natural) nas primeiras horas de vida do bezerro.
- Uso inadequado de antibióticos: mais de 60% dos tratamentos utilizam antibióticos, mesmo sabendo que a maioria das diarreias não responde a esse medicamento. O tratamento essencial para a desidratação, que é o uso de soro, teve uma porcentagem baixa (5%).
- Cura do umbigo eficiente: a cura do umbigo é amplamente praticada, mas o Cada Bezerro Importa foca no uso do produto certo, pelo tempo certo e no equipamento certo, para evitar que o umbigo inchado se torne a segunda maior causa de tratamento de bezerros.
Segurança e o legado do professor Mateus Paranhos
O programa segue o legado do Professor Mateus Paranhos, que inspirava a mudança e promovia o respeito pela criação. A Janaína Braga destaca que o programa utiliza um aplicativo para que os vaqueiros registrem as ocorrências em tempo real, permitindo identificar em qual categoria (novilhas ou primíparas) está a maior taxa de falha para refinar o manejo.
A capacitação do materneiro é fundamental, incluindo o uso de instrumentos como o termômetro para identificar a desidratação (que causa a baixa temperatura). Ao final, a pecuária só terá o desempenho genético desejado se houver um fenótipo e um ambiente adequado, o que depende do manejo responsável.
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