Brasileiro indicado ao Nobel da Paz revela o que espera para o futuro do agro no País

Depoimento foi gravado no lançamento da obra "Alysson Paolinelli: o visionário da agricultura tropical”, que conta a trajetória do agrônomo e ex-ministro da Agricultura

O mundo saberá no dia 10 de dezembro quem será o vencedor do Prêmio Nobel da Paz 2021. Pela primeira vez, o título pode ser destinado a um brasileiro, o engenheiro agrônomo, ex-ministro da agricultura Alysson Paolinelli, que no auge dos seus 85 anos enxerga um futuro ainda mais brilhante para o agronegócio nacional.

Em meados dos anos 1970, Paolinelli iniciou um processo de mudança no sistema agropecuário do País ao desenvolver um modelo sustentável de produção no Cerrado, preservando o Bioma Amazônico, que ainda necessitava de estudos. Começava ali a modernização de uma das mais importantes entidades ligadas à pesquisa agropecuária, a Embrapa.

Por este e outros serviços, o ex-ministro foi indicado ao Prêmio Nobel pela Esalq e, na semana passada, participou do lançamento de uma biografia que conta a sua saga em prol da agropecuária brasileira. “Alysson Paolinelli: o visionário da agricultura tropical” é o título obra coordenada pelo consultor Ivan Wedekin.

Na ocasião do lançamento do livro, o zootecnista Eduardo Pedroso, diretor executivo de originação do Friboi, fez questão de gravar para o Giro do Boi um depoimento com o homenageado para saber sua opinião sobre o futuro sustentável do agro brasileiro.

“O Brasil ganhou a primeira batalha. Criou uma agricultura tropical altamente sustentável, competitiva e estamos ganhando mercado por razões óbvias. Temos a possibilidade de usar os nossos recursos naturais que são tão fartos 12 meses no ano, produzimos aqui até três safras em termos de produção agrícola e aumentamos muito a nossa produção também pecuária. Isso é uma vantagem comparativa que o Brasil não pode perder. Tem que manter as características da sustentabilidade do que faz, cuidado com o uso dos recursos naturais para que eles não se percam como perderam os nossos concorrentes em anos atrás. E que a gente mantenha aqui o país como exemplo que deve ser na área ecológica. […] P Brasil era tido como um país desorganizado, mas hoje a integração da produção com a indústria, com o processamento e, principalmente, com o mercado está dando ao Brasil a perspectiva de poder ser ainda mais competitivo”, analisou Paolinelli.

“Especialmente no caso da pecuária, em que os nossos recursos são mais amplos, com uma utilização permanente, a biotecnologia virá fatalmente em nosso favor, não só porque aqui nós somos um berço da grande reserva biológica que o mundo tem, mas nós ainda nem a conhecemos direito. Dos seis biomas, nós começamos a trabalhar um deles e agora vamos ter que jogar a ciência na frente para que os outros cinco não sejam degradados como foram no mundo inteiro, porque aqui a gente mantém aquilo que é mais precioso para nós, os nossos ecossistemas estáveis e dando ao país a segurança de que vamos ter recursos naturais permanentes”, completou o indicado ao Nobel da Paz 2021.

“A minha maior satisfação é que o Brasil há de ser e vai ser a grande base formadora da proteína mais nobre que o mundo hoje usa, com a tecnologia, com a evolução e com a segurança alimentar que nós precisamos ter. Isso para mim é fundamental”, projetou.

“É uma grande honra para todos nós, brasileiros, tê-lo como indicado ao Prêmio Nobel da Paz, um dos mentores da agricultura tropical, com um protagonismo fundamental no desenvolvimento tecnológico, que permitiu ao Brasil avançar rumo ao Centro-Oeste para se transformar nesta potência mundial na produção de alimentos. É uma alegria muito grande estar aqui com o senhor hoje”, reconheceu Pedroso.

Confira no vídeo a seguir o depoimento completo de Alysson Paolinelli contendo suas projeções para o futuro do agro brasileiro:

Foto: Reprodução / Abramilho