Em entrevista ao Giro do Boi concedida nesta quinta, dia 13, o doutor em medicina veterinária pela universidade Justus-Liebig, da Alemanha, Iveraldo Dutra, professor da Unesp em Araçatuba-SP, defendeu a criação de um plano nacional de saúde animal que organize e unifique os esforços das cadeias produtivas para evitar problemas de confiança em consumidores do mercado interno e também nos mercados importadores dos produtos brasileiros de origem animal.
“Nós organizamos os programas sanitários uma doença por vez de acordo com os mercados. Aftosa para acessar o mercado mundial, brucelose e tuberculose para acessar o mercado russo, a vaca louca e todas as medidas de vigilância para acessar a Europa, mas a gente foi deixando de lado muitas questões que são da porteira para dentro, como a mastite, que nunca vai ser uma barreira sanitária, agora resíduo de antibiótico no leite pode constituir uma barreira sanitária. Resíduo de antibiótico na carne do boi pode ser uma barreira sanitária. E nós não fizemos esta adequação. Chegou muito pouco para o produtor de uma maneira eficiente essa comunicação de que os cuidados da porteira para dentro são essenciais. Isso nós não fizemos de uma maneira clara porque o mercado faz, as indústrias fazem, orientam sobre as vacinas, sobre o uso de antibiótico, mas ninguém organiza todo esse conhecimento para evitar essas doenças que causam prejuízo muito grande dentro dos rebanhos e colocam também em risco a qualidade do nossos produtos, a confiança do consumidor interno e também estas questões que restringem o mercado internacional”, sustentou o professor da Unesp.
Dutra chamou atenção para o volume de 16 milhões de bovinos que morrem dentro das propriedades todos os anos, uma taxa de mortalidade de 8% que preocupa pela expressividade. “Isso é uma ineficiência enorme porque se eu tenho 5% de mortalidade, em dez anos eu perco metade do meu estoque efetivo anual de rebanho. A cada 20 anos eu perdi o estoque anual de 200 milhões de cabeças se eu tiver 5% de mortalidade. Nó Brasil, nós convivemos com 8%. A base para nós é 0,46% na pecuária extensiva que se aceita de mortalidade de mamando a caducando”, alertou o professor da Unesp.
Veja a entrevista completa no vídeo abaixo:
Foto: reprodução / Embrapa Gado de Corte