Boiada engorda 30% mais quando bebe água na pilheta, aponta estudo

Veterinário citou estudo publicado durante a 43ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, realizada em 2006

Na última semana, em participação no Giro do Boi, o médico veterinário Fernando Loureiro, especialista em água para bovinos, destacou um estudo vindo de um pesquisador da Universidade de Alberta, no Canadá, que apontou que animais que bebem água em bebedouros artificiais, com água tratada, têm melhor desempenho em ganho de peso na comparação com aqueles que tomam o líquido direto de uma aguada natural, como um riacho, lagoa ou açude (relembre no link abaixo).

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A partir disso, diversos telespectadores enviaram mensagem ao veterinário para questionar se os resultados se aplicam à pecuária brasileira, conforme revelou Fernando. “Muita gente nos questionou, mandou e-mail e mensagens com a seguinte questão: ‘esse trabalho foi feito no Canadá, que tem outro clima e outro tipo de gado, sendo um gado taurino, adaptado ao frio. Lá é uma região que tem neve e ainda a criação é mais intensiva. Será que isso se confirma aqui para o Brasil? Dá pra confiar nesses dados?’ Então hoje eu vim trazer a resposta para vocês”, anunciou.

Para esclarecer a dúvida de todas as mensagem, Loureiro endereçou sua resposta à médica veterinário Stela Azevedo, de Minas Gerais. O especialista citou a publicação “Comportamento e desempenho de bovinos de corte supridos com açude e bebedouro”, lançada na 43ª Reunião da Sociedade Brasileira de Zootecnia, que ocorreu entre 24 a 27 de Julho de 2006 em João Pessoa, na Paraíba.

“A Gabriela Bica pesquisou lá no Rio Grande do Sul e, num grupo de 48 animais, que foram divididos em oito lotes, ela fez avaliação nos meses de fevereiro, de março e abril, acompanhando o comportamento dos animais, o tempo que esses animais ficavam pastejando, deitados ruminando, se deslocando, caminhando dentro do pasto, indo para o cocho de sal mineral ou indo para o bebedouro, procurando melhores áreas de pastejo e também o tempo gasto se suplementando no cocho e bebendo água no bebedouro ou no açude, que foi a comparação”, apresentou.

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“O interessante é que o resultado se repete. A gente já esperava isso, pois os trabalhos todos que a gente tem acompanhado têm esse resultado. Os animais para os quais a água é servida em bebedouro artificial têm um desempenho superior. Nesse trabalho da Gabriela Bica, eles apresentaram 29% de desempenho superior – ganho médio diário a mais em gramas. Então eu estou dizendo que se você tiver animais em sua propriedade ganhando 500 gramas (bebendo água no açude), os mesmos animais, com bebedouro, em condições semelhantes de pastejo, mesmo sal mineral, mesmo grupo animal, condições de manejo e de clima, eles irão ganhar 645 gramas a 650 gramas, que é 29 a 30% de ganho a mais”, projetou.

Por que tem esse ganho a mais? Principalmente porque os animais têm acesso a uma água que a gente exerce o controle, que a gente pode administrar. Os animais não entram dentro do bebedouro como entram dentro do açude, dentro da represa, da lagoa, do córrego ou riacho. Quando eles entram no açude, eles revolvem o fundo, levantam barro, lodo, resto de animais mortos e, principalmente, esterco e urina. Isso prejudica o desempenho dos animais, o consumo, eles vão consumir menos matéria seca, menos pasto, menos suplemento e, por isso, o ganho é menor”, justificou.