Boi rende mais do que soja no oeste baiano

Em apenas 8% da área da fazenda, agricultor aumenta em 26% os ganhos de toda a propriedade aliando a soja e a produção intensiva de bovinos de carne premium

Já imaginou produzir 143 arrobas de carne por hectare por ano, com uma taxa de lotação de cerca de 12 bovinos por hectare na safra? No oeste baiano, no município de São Desidério, esta é a realidade do agricultor Amauri Stracci, da fazenda Ana Terra, próximo a Luís Eduardo Magalhães (BA). O caso de sucesso deste produtor foi o destaque do Giro do Boi desta quinta-feira, 21.

O zootecnista Igor Bianco, gerente de negócios da empresa Prodap, apresentou o salto de desempenho da fazenda que em 2020 passou a aliar a produção de soja com a produção de bovinos de corte. A empresa de tecnologia, com sede em Belo Horizonte (MG), traçou toda a operação do início da produção de bovinos, em terras acostumadas apenas com a agricultura.

Para se ter uma ideia, a área de pecuária, que corresponde a apenas 8% da da fazenda que possui uma área total de 3,5 mil hectares, elevou os ganhos de todos os negócios em 26%.

“Os números são surpreendentes. Quando se pega a produção de arrobas somente da área de pecuária, temos uma produção de 143 arrobas por hectare. Se dividirmos pela área total da fazenda são 46 arrobas por hectare”, diz Bianco.

Na safra, a taxa de lotação fica em cerca de 9 unidades animais (UAs) (1 unidade animal = 450 quilos de peso vivo), que dão cerca de 12 bovinos. Na entressafra, a taxa de lotação é de 2,5 UAs. No último ano, a produção de soja foi de 76 sacas por hectare e para a próxima colheita, a expectativa é atingir 80 sacas por hectare.

“Como o próprio Amauri diz eu gosto muito da produção agrícola, mas eu gosto também de dinheiro”, diz Bianco. 

Sai milho, entra o pasto

O grande sucesso da propriedade está fundamentado na integração lavoura-pecuária. Foi justamente a presença do gado que elevou a produtividade do grão em 10 sacas por hectare.

A pastagem entrou no lugar na lavoura de milho de segunda safra e fez com que os riscos climáticos não fossem mais uma dor de cabeça para o agricultor. “A umidade do solo, com chuvas após a colheita da soja, já é o suficiente para fazer toda nossa produção de capim”, explica Bianco.

A fazenda adotou um programa de pecuária intensiva a partir da cria, com a aquisição de fêmeas nelore meio-sangue angus, que dão bezerros e, logo na sequência, são levadas para o abate. “Elas desmamam o bezerro de sete arrobas com cinco meses de idade, e com mais 60 dias, elas já estão prontas para o abate”, diz Bianco.

Todo o sistema de produção é monitorado a partir de uma plataforma digital que é capaz de prever as condições do pasto nos próximos dias. E toda a produção de carne é destinada a mercados de carnes especiais.

“Não quero dizer que a pecuária dá mais dinheiro que a agricultura, ou que a agricultura dá mais dinheiro que a pecuária, mas que a sinergia entre elas a gente consegue um resultado, no global, muito maior”, diz Bianco.

Confira a entrevista na íntegra no vídeo abaixo: