Boi que morre em confinamento leva embora o lucro de até 16 animais saudáveis

Veja como identificar o grau do risco sanitário dos animais que vão entrar na engorda em cocho e os protocolos recomendados para cada nível de desafio

Em entrevista ao Giro do Boi desta terça, 11, o médico veterinário Denis Barbosa Alves Antônio, gerente técnico do segmento de ruminantes da MSD Saúde Animal, deu uma dica para o pecuarista quantificar o grau do risco sanitário dos lotes que vai enviar ao confinamento e como aplicar o protocolo de medicamentos adequado ao perfil de cada um. A tarefa é importante porque, conforme apontou o especialista, a morte de um boi, por exemplo, na metade do giro de confinamento, pode comprometer o lucro de 12 a 16 animais saudáveis.

“É uma conta muito prática de fazer. O animal que morre, vamos dizer que ele morra no meio do ciclo, nos custos de hoje, de compra do animal magro e dos custos de dieta, precisa de 12 a 16 animais saudáveis ganhando peso para pagar esta conta, dependendo das variáveis de valores. Um animal que morre leva muito do lucro, leva o lucro de 12 a 16 animais, aproximadamente”, avisou.

Mas a mortalidade, ao menos, torna-se um alerta para o confinador. Muitas vezes o pecuarista não enxerga o tamanho do prejuízo, que pode ser “silencioso”. “Além disso, os animais que performam menos, até 150 gramas a menos, também são grandes ladrões da lucratividade para o produtor. […] Muitas vezes o que fica aparente para o pecuarista é apenas a mortalidade, mas a sanidade, principalmente no aspecto da doença respiratória bovina, prejudica o desempenho dos animais. São 40, 50 gramas, já vimos até 150 gramas por dia a menos de ganho de peso ao longo dos 100 dias de confinamento. Isso representa muita coisa no final da conta numa operação de confinamento, que é apertada e tem que ser super eficiente”, completou.

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Denis revelou que a companhia usa um diagrama de risco de animais que vão entrar em confinamento elaborado a partir da tese de mestrado do médico veterinário Anderson Baptista, que aponta qual o protocolo sanitário adequado conforme o perfil do boi magro a entrar no período de cocho. Veja abaixo (clique para ampliar):

Segundo Denis, com o sistema de engorda de bovinos no Brasil sendo intensificado, o desafio sanitário é cada vez maior, sendo foco também de trabalho de orientação técnica e capacitação da MSD Saúde Animal para os pecuaristas parceiros. Dietas mais intensivas, que exigem mais performance do rúmens dos animais, a aglomeração nas baias de confinamento, o perfil do gado de reposição, que pode vir de longe (viagens mais longas que 500 km ou oito horas) e também a condição deste gado magro, que sobretudo no segundo giro do confinamento podem vir de pastagens menos nutritivas, lotes que passaram por leilões, tudo isto é somado com fator que aumenta o estresse dos bovinos e, por consequência, a exigência sobre o sistema imunológico.

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“Neste sentido, é importante o protocolo sanitário adequado, uma boa vermifugação, […] um bom controle de doenças clostridiais, doenças respiratórias, por meio da vacinação e, principalmente, nos animais de alto risco, aplicar o uso da metafilaxia, que é o uso de produtos antibióticos de longa ação. Aí o Zuprevo encaixa como uma luva nesta necessidade, protegendo os animais por 28 dias, nestes primeiros dias, que é o momento inicial desafiador para os animais, e tendo um espectro de proteção muito alto com uma única dose no momento da entrada em confinamento”, indicou.

“Agora, é claro, nos animais que você identifica nesta diagrama de risco, que são animais que vêm de segundo giro, no momento de seca, animais comprados em leilão, animais que viajaram mais de oito horas ou mais de 500 quilômetros no caminhão. Isso tudo implica em estressores que desafiam os animais. Sem dúvida, você tem outros desafios também dentro da operação. Controle de poeira também é super importante, nós estamos no momento seco do ano, com temperaturas que variam muito, dias quentes, que chegam facilmente a mais que 30º C, e noites frias, que chegam a 10 a 12º C. Esta inversão de temperatura é um grande estressor para o animal, para o sistema imune. As partículas também são estressores para toda a mucosa, causa irritação e deprime o sistema imune também e o próprio cortisol nestas questões das viagens, […] isso tudo deprime o sistema imune e aí deixa o animal mais suscetível a doença respiratória nos bovinos”, detalhou o gerente técnico do segmento de ruminantes da MSD Saúde Animal.

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“Eu já vi animal gordo, quando pronto para o embarque, no momento de ir para o caminhão, cair e morrer e a gente vai fazer a necrópsia e identifica o pulmão totalmente tomado. Também é comum a gente encontrar na indústria frigorífica animais com lesão no pulmão. Os animais são resistentes, às vezes eles vão para o gancho com algum problema pulmonar e isso implica em prejuízos também da indústria por carcaças que são condenadas e não são aproveitáveis para a indústria”, advertiu.

O especialista também recomendou que o protocolo sanitário contemple prevenção a raiva, por exemplo, uma vez que o produtor pode não ter certeza da incidência da doença na região de origem do lote, prevenção contra doenças clostridiais, contra o botulismo, cujo risco aumenta por conta das dietas ricas em milho, farelos e outros produtos similares.

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Veja pelo vídeo a seguir a entrevista completa com Dênis Barbosa Alves Antônio, gerente técnico do segmento de ruminantes da MSD Saúde Animal: