A principal prestação de serviço do Giro do Boi desta quinta, 03, foi destinada para os pecuaristas que têm problemas com carrapatos, um artrópode que causa um prejuízo anual estimado em R$ 10 bilhões por ano. “É uma estimativa que nós avaliamos em 2013 com vários pesquisadores em reunião na Embrapa Gado de Corte e isso reflete a importância de trabalhar com este tema”, disse hoje (03) em entrevista ao Giro do Boi o médico veterinário, mestre e doutor em ciências biológicas e pós-doutor pelo laboratório ARS, do USDA, no Texas-EUA, Renato Andreotti, pesquisador da própria Embrapa Gado de Corte.
Mas o problema pode ser até maior se a cotação do dólar for atualizada. A estimativa divulgada no artigo “Reavaliação do potencial impacto econômico de parasitos de bovinos no Brasil“, publicado na Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária em 2014, estima um prejuízo anual de US$ 3,24 bilhões, ou mais de R$ 11,4 bi em cotação atual.
“O carrapato é um parasita tropical, no mundo inteiro ele afeta bovinos, mas como a nossa pecuária é grande, ele afeta muito mais proporcionalmente o nosso país”, disse Andreotti ao apresentador Mauro Sérgio Ortega. “Você imagina que um animal com infestação moderada pode perder uma arroba de carne por ano, isso dá impacto grande na economia da cadeia produtiva de gado de corte”, avisou o pesquisador, classificando como infestação moderada a observação de cerca de 40 carrapatos nos animais todos os dias ao longo de um ano.
O problema é mais grave em regiões com clima mais frio, como o Sul e áreas de produção de leite em Minas Gerais. Por não ser um problema endêmico nestas áreas, já que durante o inverno rigoroso a infestação de carrapatos diminui, no verão os bovinos estão despreparados para resistir às doenças trazidas pelos parasitas, aumentando a taxa de mortalidade.
A raça dos animais também é preponderante para agravar ou não o problema. É raro detectar em bovinos da raça Nelore, por exemplo, uma infestação maior do que 15 carrapatos por dia.
Mas o problema tem solução, segundo Andreotti. O controle químico, se bem feito, diminui o risco de resistência dos ectoparasitas. Mas o pesquisador advertiu que as fazendas devem capacitar seus peões e capatazes para realizar o manejo de forma a não contaminar o meio ambiente, os animais, consequentemente carne e leite, e a si mesmos com os produtos.
Veja todas as dicas repassadas por Andreotti para controlar os carrapatos pelo vídeo abaixo: