Beef on dairy: um caminho sem volta para a pecuária brasileira

Beef on dairy: um caminho sem volta para a pecuária brasileira

Tecnologia que une leite e corte já é realidade e traz ganhos de margem e produtividade ao produtor

A estratégia beef on dairy — cruzamento de vacas leiteiras com touros de corte — vem ganhando espaço no Brasil e se consolidando como um caminho sem volta para a pecuária moderna. Em entrevista ao Giro do Boi, nesta segunda-feira (19), o agrônomo Guilherme Silveira, mestre em nutrição e produção animal e líder da Silveira Consultoria, destacou as vantagens do sistema, a importância da gestão baseada em dados e o potencial de ganho com essa prática que já é amplamente adotada nos Estados Unidos. Assista ao vídeo:

Margem maior com ciclo mais curto

De acordo com Silveira, o sucesso do beef on dairy está diretamente relacionado ao aumento do ganho médio diário (GMD). “Toda vez que aumento meu GMD, aumento meu giro. E toda vez que aumento o giro, aumento a margem que deixo na fazenda. Diminui tempo, diminui custo fixo”, afirma.

Esse desempenho superior, explica o especialista, depende de uma preparação nutricional eficiente, especialmente durante a seca, para garantir bom desenvolvimento dos animais no período mais crítico do ano.

Gado de corte nascido do leite: negócio lucrativo

O cruzamento entre raças leiteiras e touros de corte, como Angus ou Simental, é uma forma de agregar valor ao bezerro nascido na fazenda leiteira. Nos Estados Unidos, esse modelo já é padrão. “Hoje, com o beef on dairy, um bezerro com dois dias de vida é vendido entre US$ 900 e US$ 1 mil”, relata Silveira.

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Esse resultado é reflexo direto da eficiência produtiva e do uso intensivo de tecnologia — uma lição que o Brasil pode aproveitar para escalar a produtividade de forma mais rentável.

O diferencial está nos processos

Guilherme Silveira também chamou atenção para um ponto que vai além da nutrição e genética: a gestão baseada em dados. “Na parte técnica evoluímos demais. Temos milho de melhor qualidade, mais conhecimento. Mas o grande diferencial do produtor americano é o processo. Eles têm dados na mão”, afirmou.

Segundo ele, o pecuarista brasileiro precisa abandonar o “feeling” e o famoso jeitinho. “Tem que ter processo, rotina, mensuração de resultados. É isso que diferencia uma fazenda profissional de uma fazenda comum.”

O futuro da pecuária é híbrido

A integração entre pecuária leiteira e de corte, por meio do sistema beef on dairy, representa uma alternativa altamente sustentável e econômica. Além de aproveitar melhor os recursos da propriedade leiteira, essa estratégia reduz o descarte de bezerros machos e gera uma nova fonte de renda.

Para Guilherme Silveira, essa tendência veio para ficar. “É um caminho sem volta. Quem entender isso primeiro vai sair na frente.”

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