Associações de raça e leilões virtuais disseminam cruzamento industrial no Brasil

Diretor de pecuária do Canal Rural, Lance Rural e Canal do Criador, Plínio Queiroz, bate papo com leiloeiro Arthur Freitas sobre cenário da pecuária ao longo de um ano desafiador

Para quem acompanha o Agro e a economia brasileira, a força do setor como locomotiva da recuperação do País não é novidade. “2020 teve seus problemas, mas repito: nós, da pecuária, estamos muito fortes e não temos do que reclamar, nós só temos que agradecer”, reconheceu em entrevista ao Giro do Boi desta quarta, 14, o zootecnista Plínio Queiroz, diretor de pecuária do Canal Rural, do Canal do Criador e Lance Rural.

“A gente está vivendo a cada dia com a força nossa, do pecuarista, a força nossa da pecuária como um todo, da turma nossa que levanta cedo e que trabalha, que está no batente. Nós não podemos reclamar um “A” do agronegócio nosso”, reforçou.

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Diante dos percalços consequentes da pandemia ao longo do ano, o setor se reinventou e encontrou alternativas para atender a demanda mundial por alimentos, conforme sustentou Queiroz. “Os números são impressionantes. Nós vamos fazer nesse ano um outubro aqui no Canal Rural que vai ficar na história do mundo dos leilões. Nós estamos fechando – eu peguei esse número agora, até hoje, e o mês ainda não acabou, pois faltam quinze dias – 142 leilões em outubro. Contando Canal Rural, Lance Rural e Canal do Criador, que é o nosso filho mais novo. Nós estamos dando colostro para ele e ele está ficando forte”, quantificou o diretor de pecuária.

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O leiloeiro Arthur Freitas, que participou do bate papo com Plínio, corroborou a pujança do agro diante da adversidade. “Vale salientar. Infelizmente a gente teve o ocorrido desta pandemia e foi um ano extremamente difícil para todo mundo, porém a pecuária e a agricultura, enfim, o setor primário como um todo provou que é superior a qualquer intempérie. A gente tecnificou e modernizou o produtor rural por uns 20 a 30 anos no futuro, eu acho. Talvez se estivesse conversando tanto a respeito de leilão virtual quando eu tivesse uns 50 anos, mas essa pandemia obrigou bastante o produtor rural a acelerar o processo. Era para ser natural, mas o processo foi acelerado e é uma ferramenta que veio para ficar, sem dúvida nenhuma, os leilões virtuais de Lance Rural e Canal do Criador”, celebrou.

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Freitas comentou como os remates virtuais e o trabalho forte das associações de raça estão ajudando na consolidação do cruzamento industrial Brasil afora, levando produtividade e renda aos produtores e carne de qualidade à mesa do consumidor.

“Iniciando pela base, eu vejo que a gente teve um aumento expressivo no (preço do) bezerro, no terneiro nosso, de 40 a 50% do valor comparado ao ano passado. Isso aí, sem dúvida nenhuma, tem que estourar na comercialização de touro porque é o que, de fato, nos produz esse bezerro. A gente iniciou a temporada aqui com médias de 20 a 30% superiores ao ano passado na venda de touros. E, para mim, a grande sacada desse ano […] é que as ferramentas do Lance Rural, do Canal Rural e, agora, do Canal do Criador, cada vez mais facilitam essa expansão da nossa genética. Vários remates que eram comercializados em praças sem transmissão, a exemplo de todo o estado, hoje em dia, não tem viabilidade de acontecer sem transmissão. Acaba que durante o leilão, antes do leilão, vários clientes do Brasil inteiro entram em contato querendo levar os animais para realizar esse cruzamento aí em cima”, revelou.

“Esse é um grande papel que as associações de raça estão cumprindo. Esse impulsionamento do cruzamento do zebuíno com o britânico é uma ferramenta excepcional, colocando qualidade de carne e volume de carcaça e levando esse material genético para o Centro e para todo o País, inclusive para o mundo inteiro. A gente tem aqui durante esses últimos tempos realmente levado muito gado do estado do Rio Grande do Sul para fora, a procura está imensa. O Rio Grande do Sul tem uma quantidade relativamente grande de gado e os confinadores, os pecuaristas do Centro do País têm vindo buscar bastante material aqui, levando terneiros para confinar no estado de São Paulo, Goiás, Mato Grosso e por aí tudo. Isso mostra cada vez mais a força desse cruzamento industrial, gerando rentabilidade para o produtor de todo o país. Mas vale muito salientar o trabalho das associações de raça tentando expandir a genética Hereford, a genética Angus para esse cruzamento com a vaca Nelore, com a vaca Zebu, que já está mais do que consolidado. Isso tem gerando muita carcaça que muita qualidade de carne”, aprovou.

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Veja o bate papo completo com Plínio Queiroz e Arthur Freitas no vídeo a seguir: