Nesta quarta-feira, dia 19, o Giro do Boi levou ao ar entrevista com o médico veterinário Ariovaldo Zani, CEO do Sindirações, o Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal. Atualmente, a entidade conta com cerca de 150 associações e tem foco na representação das empresas junto aos órgãos governamentais para resolver questões tributárias, trabalhistas e regulatórias.
Primeiramente, Zani destacou a importância do setor na economia brasileira. O setor estima ter movimentado em 2021 cerca de R$ 80 bilhões somente em matéria prima, como milho, farelo de soja e gorduras de origem animal. Além disso, gerou cerca de 80 mil empregos diretos e mais 400 mil indiretos. “Portanto, a alimentação animal brasileira, ranqueada no mundo, é a terceira maior produtora. Nós só estamos atrás da China e dos Estados Unidos”, disse em resumo.
Em seguida, o executivo do Sindirações celebrou o desempenho do setor em meio aos desafios impostos pela pandemia, atendendo a demanda de consumidores ao redor do mundo. “Nós crescemos muito bem e superamos as expectativas em 2020. Em 2021 também. E se de fato nosso setor de alimentação animal está crescendo, é porque ele está respondendo ao setor da proteína animal, que também cresceu”, relacionou.
PROJEÇÕES PARA 2022
Conforme anunciou Ariovaldo em sua entrevista, o setor projeta um crescimento de 4 a até 4,5% em 2022 na comparação com 2021. Contudo, o CEO do Sindirações lembrou dos diversos obstáculos para chegar a este indicador.
Em primeiro lugar, a escassez de insumos. Embora haja projeção para recuperação de estoques em nível global, no Brasil a safra deve sofrer quebra por fatores climáticos. Além disso, a dependência brasileira de insumos que vêm do exterior, como vitaminas, aditivos e aminoácidos também representa um fator de risco por conta de cenário geopolíticos incertos nos principais fornecedores, como China, Índia e Rússia.
Da mesma forma, o encarecimento do frete, consequência da escassez de contêineres, também deve impactar o setor, ao menos no primeiro semestre de 2022.
“De fato, a atenção tem que continuar redobrada. […] Para esse ano, a gente imagina até que haja um certo alívio. Sob o ponto de vista global, os preços desses insumos, como, por exemplo, milho e farelo de soja, podem ter um certo alívio em dólar. No entanto, no Brasil, por conta de uma excessiva desvalorização cambial, a gente ainda vai sofrer muito com os custos”, ponderou.
GANHO DE EFICIÊNCIA
Em conclusão, Zani destacou ainda que a pecuária encontrou resposta para os desafios de aumento de produtividade e demanda por sustentabilidade. “Nesses últimos 15 anos, a grande marca que a gente percebe, o legado, é a aplicação da inovação. É alimentação animal seguindo pari passu com o melhoramento genético”, relacionou.
Conforme analisou o executivo do Sindirações, a projeção é que o setor atingisse a comercialização de 100 milhões de toneladas de ração no início dos anos 2020. Porém, os ganhos de eficiência em conversão alimentar postergaram o alcance da marca, mas sem perder desempenho. “Há 15 anos, a gente previa alcançar 100 milhões de toneladas de ração no Brasil agora em 2020, 2021. No entanto, a gente está estendendo isso até 2030”, confirmou.
Segundo informou Zani, muita gente pergunta se os plantéis, os rebanhos estão diminuindo ou se o produtor pecuário deixou de usar alimento industrializado. “A resposta é não. É que, na verdade, a tecnologia permitiu ganhos de conversão alimentar. Ou seja, os animais têm ganhado peso com menor consumo de ração […]. Além da menor emissão de gases de efeito estufa, contribuindo com o desaquecimento (global). Então o produtor rural está aderindo. Há muito tempo atrás ele entendia que essa tecnologia, essa inovação era despesa. Agora, ele percebeu que é investimento”, comentou.
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Por fim, assista na íntegra a entrevista completa com Ariovaldo Zani, do Sindirações:
Foto: Reprodução / Embrapa