Dos limões, uma limonada. Da falta de mão de obra, uma pecuária adaptada e intensiva. Em entrevista ao Giro do Boi desta terça, dia 12, o zootecnista Luís Kodel, que realiza consultoria por toda região do Vale do Paraíba sp, resumiu os últimos acontecimentos no agro praticado naquela região.
“Já faz uns sete a oito anos que eu vejo muitas propriedades leiteiras já querendo estudar a mudança para o gado de corte. Primeiro porque está numa região industrial e turística e a pressão da mão de obra lá é complicada. Então, já que o leite exige muita mão de obra e o pessoal não quer se desfazer da propriedade, acaba indo para o gado de corte que, querendo ou não, a exigência da mão de obra é menor. […] Além disso, na região do Vale Histórico, perto de Bananal e ao fundo do Vale, tem muitas fazendas de gado de corte já atrelando o turismo junto com a pecuária também, aproveitar a área e a região ali também”, revelou Kodel.
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OPORTUNIDADES E DESAFIOS
A partir desta transformação, a região oferece oportunidades. “Tem pouca assistência técnica, existem propriedades muito grandes e, às vezes, praticando a pecuária extensiva ainda. Agora que começaram a ver a necessidade da intensificação”, detalhou o zootecnista.
Para se adaptar à nova realidade, os produtores tiveram que superar desafios expressivos para a prática da bovinocultura de corte, como a topografia. “Uma região de topografia difícil de trabalhar, então a reforma de pastagem, por exemplo, tem que ser toda no sistema direto, não tem como fazer cultivo. É uma região que tem muita coisa por fazer devido à dificuldade da topografia das fazendas, mas nada que impeça a intensificação e produzir carne de qualidade”, analisou.
CASOS DE SUCESSO
Para exemplificar o sucesso das fazendas do Vale do Paraíba sp, Kodel destacou alguns números da Fazenda São Clemente, da Agropecuária Marcondes César, propriedade localizada em São José dos Campos-SP.
A fazenda voltou seu sistema de produção para produzir carne com valor agregado. Além de abater machos castrados zero dentes dentro do Protocolo 1953, do Friboi, aproveita também as matrizes, que deixam um bezerro na fazenda antes de serem confinadas e abatidas com até 30 meses e 20@ de média.
“Ela já entra com carcaça no confinamento. E ela já está madura o suficiente e o ganho de peso dela, aí, é por conta da genética. Então essa é a diferença. Quando você desmama esse bezerro, além de ter um bezerro de excelente qualidade, porque é uma matriz com mais produção leiteira, você vai fazer um animal de extrema qualidade na carne também. São todos de cruzamento industrial, então ganha fácil 1 kg a 1,1 kg de carcaça por dia”, apontou.
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Veja a seguir alguns números do desempenho do sistema de produção da Fazenda São Clemente (clique para ampliar):
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ADAPTAÇÃO
A pecuária do Vale do Paraíba sp não só adaptou o sistema de produção, como também aproveitou as estruturas outrora usadas na produção de leite.
“Tem muita estrutura hoje de gado leiteiro que virou confinamento. Como tem aquelas leiteiras de antigamente, aquelas cocheiras, então todo mundo foi aproveitar. Tem um que aproveitou esse sistema (free stall), por exemplo, na Fazenda São Francisco, que era uma antiga granja de aves de corte e aí os galpões das aves tinha um pé direito muito alto. Era coisa que a gente nem costuma ver muito em granja, e virou confinamento”, ilustrou.
“Mas tem muita região que tem os cochos das vacas leiteiras que eram ligados ao pasto. E aí esses cochos ou viraram confinamento, TIP (terminação intensiva a pasto) ou viraram parte integrada do sistema rotacionado para recria intensiva, daí faz a suplementação nessas áreas também. A vantagem da pecuária leiteira é essa. Ela deixa muita estrutura e deixa uma cultura do produtor em que ele sabe que, se tratar do gado, tem retorno”, completou Kodel.
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Pelo vídeo a seguir é possível assistir a entrevista completa com o zootecnista e consultor Luís Kodel: