Independentemente do desfecho da pandemia, o Brasil poderá constatar que o agro entendeu as lições desses grande desafio e superou com maestria. O tópico esteve em evidência na entrevista concedida ao Giro do Boi desta terça, 28, pelo economista, administrador de empresas e publicitário Eduardo Daher, diretor executivo da Abag, a Associação Brasileira do Agronegócio.
“De uma forma geral o agronegócio brasileiro será o único setor que, ao final deste ano terrível de 2020, vai apresentar um PIB positivo”, apontou Daher. “Na realidade, o Brasil teve a sorte dentro do azar – que é a pandemia – de ter sido pego naquilo que nós chamamos de entressafra. Nós tínhamos acabado de colher ou estávamos acabando de colher a safra de verão e não havíamos começado a semear aquilo que antigamente a gente chamava de safrinha, que é a safra de inverno ou segundo safra. Neste sentido, o Brasil foi até privilegiado. Quem tinha e tem lavouras conectadas com o mercado internacional ganhou muito dinheiro ou estará ganhando muito dinheiro porque plantou com câmbio na ordem de R$ 3,80, ou menos do que R$ 4,00, e colheu com câmbio de R$ 5,80, tangenciando os R$ 6,00”, quantificou Daher, apontando que principalmente produtores como os de soja, milho e laranja, de certo modo, tiveram um cenário positivo.
No entanto, Daher lamentou que a mesma sorte não tiveram os produtores de hortifrutigranjeiros, prejudicados pelo fechamento de grande parte do chamado food service. “Outras culturas de ciclo mais curto, sobretudo aquilo que nós chamamo de hortifrutigranjeiros, estes apanharam muito porque eles vivem daquilo que a gente chama em inglês de food service, o que nós conhecemos como restaurantes, lanchonetes. Isto tudo foi interrompido, então sobrou muito tomate, todo mundo viu cenas de perdas de flores, cultura voltadas para salada, isto tudo os restaurantes pararam de operar”, ponderou.
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A análise deste cenário complexo que está sendo o desempenho do agro em 2020, com lições diversas para setores diferentes, será tema do 19º Congresso Abag, que neste ano será transmitido pela internet. “Daí o título ‘Lições para o Futuro’. No caso do agro, e no caso mesmo da pecuária, tudo tem o ciclo da natureza. Você semeia, cultiva, planta, cuida, aduba, aquilo germina, cresce e você colhe no final. Essa é uma lógica da natureza, não depende de pandemia ou não pandemia. Outro dia eu ouvi uma frase muito boa. Alguém falou: ‘esqueceram de avisar as vacas leiteiras de que tem um vírus chamado Covid-19’. A vaca continua dando leite, você continua tendo que ordenhar a vaca às 5h da manhã e a vida vai tocando no agro”, refletiu.
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O evento acontecerá no próximo dia 03/08, próxima segunda-feira, tem inscrições gratuitas e vai reunir as principais lideranças do agro brasileiro, como Marcello Brito, Presidente do Conselho Diretor da Abag, Gilson Finkelsztain, CEO da B3, Tarcísio Freitas, Ministro da Infraestrutura, e Tereza Cristina, Ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Os paineis estão divididos em três temas: “O agro brasileiro e a crise global”, “Mercado financeiro, seguro e crédito rural” e “O agro e a nova dinâmica econômica, social e ambiental”.
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Assista a entrevista completa com Eduardo Daher no vídeo a seguir:
Imagem: Reprodução / Abag