Aditivo natural promove redução das emissões de GEE em gado confinado

Estudo analisou o impacto de um aditivo natural à base de tanino nas emissões de metano da pecuária intensiva e quer observar ainda os efeitos outras fases da atividade

Reportagem exibida no Giro do Boi desta sexta, 17, atualizou as informações sobre os estudos em andamento sobre o uso de um aditivo natural à base de tanino capaz de reduzir as emissões de metano da pecuária. As observações de campo sobre foram feitas no confinamento do Boitel JBS em Guaiçara-SP, os animais já passaram por abate e, agora, os pesquisadores aguardam a consolidação dos números.

+ Relembre aqui o início do estudo

De acordo com o médico veterinário Marcelo Manella, diretor técnico de ruminantes da SilvaFeed, braço de nutrição animal da empresa SilvaTeam que produz o aditivo, a pandemia serviu de catalisador para acelerar a demanda por segurança alimentar e sustentabilidade.

“Está vindo muito mais rápido do que a gente imagina. O bovino contribui com uma porcentagem muito grande das emissões dos gases de efeito estufa. Da mesma forma que ele contribui, ele não é culpado pela mudança climática, mas ele pode ser parte da solução para atingir essa neutralidade climática”, apontou Manella.

Em suma, o aditivo à base de taninos é feito com extratos vegetais. Desde que chegou ao Brasil, há seis anos, a companhia fornece o produto aos confinamentos do Boitel JBS como promotores de desempenho. Agora, o objetivo é conferir seu potencial também como redutor das emissões de metano. Assim, a empresa buscou os pesquisadores do Instituto de Zootecnia de São Paulo para validar os números.

PESQUISA

Em seguida, a diretora do IZ, Renata Branco, ofereceu mais detalhes sobre a pesquisa. O estudo separou 120 animais em 12 baias para avaliar as emissões de metano entérico. “O IZ trabalha há mais de 15 anos com a parte de metano entérico e a gente só foi melhorando as tecnologias que existem hoje. Antigamente eram usadas cangas de PVC no pescoço dos animais. Hoje a gente usa um cilindro de inox que é colocado no lombo do animal visando melhorar o bem-estar. […] Então a gente começou a trabalhar visando o bem-estar animal para não ocasionar prejuízo ao desempenho”, ressaltou.

Em outras palavras, o estudo passa pela instalação de uma cápsula dentro do animal para mensurar a emissão de metano da pecuária. “Nós trabalhamos com uma técnica que é o gás traçador, o SF6 (hexafluoreto de enxofre). A gente coloca uma cápsula com uma liberação desse gás conhecido e aí a gente coleta esse gás dentro desse cilindro. Então a gente está muito esperançoso com o resultado que vem pela frente”, anunciou Renata.

Conforme adiantou a diretora do IZ, o abate técnico dos animais está concluído e o desempenho em ganho de peso e rendimento de carcaça foram semelhantes nos lotes que usaram o aditivo e nos lotes que serviram de testemunha. “Com base na literatura, do que a gente já observou do produto, a gente espera que tenha uma redução ao redor de 11% (das emissões de metano). Isso é super importante”, pontuou.

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NOVOS ESTUDOS

Juntamente com esses estudos, Renata Branco anunciou a sequência dos trabalhos do IZ dentro do tema. “As nossas pesquisas continuam. A gente vai trabalhar com vaca, com bezerro, com bezerro pós-desmama e voltar com as vacas para ver o que acontece. Porque a gente precisa entender como a nossa pecuária oscila ao longo do ano. A gente sabe que tem emissões diferentes ao longo do ano e quer saber o que ocorre, se a gente intensificar o sistema, se diminuir as emissões de metano entérico”, declarou.

Não existe nada mais sustentável que a pecuária. Nada! Se a gente pega uma forragem de má qualidade, a gente produz uma proteína de origem animal de alto valor biológico. […] O que basta é a gente ter número e a gente provar, que é o que a gente está fazendo”, disse em conclusão a diretora do IZ.

Por fim, assista em vídeo a reportagem completa sobre o estudo das emissões de metano pela pecuária: