Nesta segunda, 08, o médico veterinário, mestre e doutor em ciências ambientais, sustentabilidade agropecuária e ciências veterinárias, Ériklis Nogueira, pesquisador da Embrapa Pantanal, foi o convidado do Giro do Boi para tratar da preparação da bateria de tourinhos que serão usados na próxima estação de monta natural.
No Brasil, aproximadamente 15% das matrizes em idade reprodutiva – de um rebanho total estimado em 80 milhões de cabeças, segundo o Cepea – recebem protocolos da inseminação artificial, e outros 85% passam pela reprodução com touros, número que revela a importância do cuidado com este manejo.
Em entrevista, Ériklis alertou para os problemas do uso de touros não avaliados e como isto de reflete na grande variação dos índices reprodutivos nas fazendas brasileiras, cuja média é de 65% de bezerros desmamados. “A gente tem muito espaço para melhorar”, destacou Nogueira.
O pesquisador afirmou que um dos pontos que reduzem a produtividade dos tourinhos na estação de monta é a falta de foco na adaptação destes animais ao novo ambiente da fazenda em que ele vai servir. Quando adquiridos em feiras ou leilões, por exemplo, os animais, de maneira geral, estão sendo tratados com ração ou silagem, e são posteriormente realocados em propriedades com condições diferentes ao que estavam acostumados. “Quando você solta ele na vacada, ele tem perda de condição corporal grande, ele murcha”, disse o veterinário.
O pesquisador salientou que quanto mais desafiador o local onde está a fazenda, como no Pantanal, por exemplo, a adaptação se torna ainda mais importante. Para solucionar casos extremos, como este, Ériklis lembrou de experiência em que os machos eram levados ainda garrotes para a fazenda, passando por adaptação em pastagem nativa antes de servir na monta natural. “Perceberam que esses animais, quanto mais peso tinham, sofreriam mais na condição de adultos”, declarou. Por isso, para o veterinário, é importante que os reprodutores sejam adaptados às mesmas condições enfrentadas pelas vacas que vai cobrir.
Nogueira falou ainda sobre a evolução da relação touro:vaca. No Brasil, de maneira geral, recomenda-se 1 touro para cada 25 matrizes, um número que o pesquisador julga ser baixo. Segundo o veterinário, é possível aumentar para até 1:60 esta relação com as condições adequadas, com foco na adaptação e redução dos piquetes para facilitar o deslocamento do reprodutor. Animais mais jovens também devem começar com menor carga de trabalho, que deve aumentar ano a ano dentro da fazenda. “Nas primeiras montas, a relação touro:vaca é mais baixa, mas depois que o touro estiver adaptado à fazenda, mais maduro, com o exame andrológico repetido, esta relação pode ser um pouco melhor”, estimou.
Confira a entrevista completa com Ériklis Nogueira pelo vídeo abaixo: