Acordo entre Mercosul e comunidade europeia pode beneficiar pecuária brasileira

Segundo diretor de exportações, desafio do pecuarista brasileiro é ofertar animais que se enquadrem no padrão de exigência do consumidor externo

No quadro Giro pelo Mundo desta sexta, 04, o zootecnista e diretor de exportações da JBS na Europa, Juliano Jubileu, traçou um panorama das exportações brasileiras de carne para a Europa, abordando possibilidades de escoamento via Cota Hilton, 481 e ainda a possível consolidação de um acordo de livre comércio entre países do Mercosul e da comunidade europeia.

Para Jubileu, o Brasil não deve focar na participação na Cota 481, destinada à exportação de animais no padrão americano para a Europa. Além dos EUA, Argentina, Uruguai e Austrália também atingiram padrão para exportar pela cota, mas há uma pressão dos Estados Unidos para que ela volte a ser exclusiva do país ou que seja extinta.

O diretor afirmou que a alternativa mais tangível para a pecuária brasileira é apostar na exportação via Cota Hilton. No entanto, deste último ciclo 2017-18, a expectativa é que o Brasil não consiga atingir volume expressivo por conta de redução de volume de animais terminados em confinamento e demais alterações em certificados internacionais de sanidade que dificultaram a operação da indústria.

“Seria melhor focar no novo acordo, que está sendo discutido, de livre comércio entre Mercosul e comunidade europeia”, recomendou. Tal acordo está sendo costurado desde 1999, mas esteve parado de 2004 até 2016, quando as tratativas foram retomadas com expectativas reais de selar a negociação, sobretudo após visita ao Brasil de parlamentares de Polônia, França, Reino Unido, Portugal, Alemanha, Espanha e Itália no final do mês de abril.

“Foi uma visita importante, tem a ver com o estágio avançado das negociações e é bom que estejam indo ao Brasil. Por outro lado, eles reforçaram controle em todos os portos europeus e esse controle continua até hoje. Mas de todos os produtos que foram chegando, estamos falando de carne bovina, não apresentaram nenhum problema de contaminação. Foram feitas várias análises, de 20% a 30% de todos os contêineres que chegaram em todos os portos europeus ou mesmo via aeroporto, o que chegasse do Brasil era controlado e, dentro da carne bovina, nós não tivemos nenhum problema”, ressaltou Jubileu.

“Sempre das coisas ruins a gente tem que ver o lado bom. O lado bom foi que eles vieram a comprovar que o que a gente produz no Brasil é seguro, então tem que realmente dar parabéns a toda a indústria brasileira e a todo pecuarista brasileiro que também trabalha duro para ter a nossa carne aqui fora e isso é fundamental. A gente gente que continuar fazendo a lição de casa”, reconheceu.

Para acessar o mercado via Cota Hilton ou se valer de um possível acordo entre o Mercosul e Europa, o diretor recomendou que o pecuarista deve buscar informações sobre o perfil dos animais requisitados e apostar nesta demanda para agregar valor e aproveitar as oportunidades do mercado europeu.

Veja abaixo a análise completa de Juliano Jubileu ao Giro do Boi desta sexta, 04.