“A chuva veio e levou a estrada embora”: atoleiros dificultam panha do boi em MS

Em Naviraí-MS, chuvarada rompeu estrada e deixou caminhões ilhados dentro de fazenda; veja os pontos críticos para atoleiros também em Nova Andradina-MS

No Giro na Estrada que foi ao ar no programa desta sexta, 19, o supervisor do transporte boiadeiro Éder Zamarchi, que atua nas unidades Friboi de Naviraí e Nova Andradina, ambas em Mato Grosso do Sul, revelou os principais pontos de atoleiros causados com o excesso de chuvas nas regiões nos últimos meses.

“Choveu muito aqui. Nós temos uma época crítica que vai de meados de novembro até meados de fevereiro, com o ápice no mês de janeiro, quando chove bastante. A gente tem alguns pontos de atenção quando a chuva aumenta muito. A Estrada do Araguaia é um exemplo, a Estrada da Balsinha e a Estrada do Barro Preto, que o pessoal conhece bem, além das estradas dentro de cada fazenda”, disse Zamarchi, referindo-se às dificuldades na região de Naviraí-MS.

O supervisor ilustrou as adversidades causadas pelas chuvas na região com um embarque que seria feito na Fazenda Paraíso, no próprio município, em 20 de janeiro. “Nós realizamos o embarque lá num dia e no dia seguinte voltamos para lá. Eram oito carretas no embarque e quatro carretas conseguiram passar, mas devido à muita chuva na estrada, quatro carretas ficaram para trás. A chuva veio e levou a estrada embora e a gente não conseguiu acessar a fazenda. Então ficaram quatro caminhões na fazenda e quatro antes da fazenda sem conseguir chegar lá”, apontou.

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Os veículos, conforme revelou Zamarchi, ficaram cinco dias na propriedade até que as chuvas deram trégua. A estrada então foi reformada com ajuda da prefeitura e os caminhões puderam voltar, embora vazios.

“Eles (motoristas boiadeiros) tiveram todo o apoio do pessoal da fazenda. Já registro meu muito obrigado para todos da Fazenda Paraíso. […] Quando eles conseguiram, trouxeram os boiadeiros de volta para a cidade de camionete por um outro acesso e deram todo o apoio necessário”, reconheceu.

Zamarchi alertou também para os principais pontos críticos para as dificuldades causadas pelo excesso de chuvas em Nova Andradina-MS. “Lá a gente tem dentro da cidade a Estrada do São Bento, que todo mundo conhece, ela é muito crítica. A gente tem também as estradas que ligam a rodovia BR-267 à MS-040. O km 117 e o km 152. São pontos muito críticos na época da chuva e todo mundo conhece e sabe que o problema é grande”, comentou.

O supervisor sugeriu como o produtor pode contribuir para amenizar a situação, ajudando os motoristas a evitarem os atoleiros. “O que a gente sempre indica aos pecuaristas é uma antecipação do manejo do gado. A gente sabe que no dia de chuva, quando é muito intensa, é ruim de fechar o gado no mesmo dia e acaba atrasando o embarque, e é quando a gente tem problemas no deslocamento dos caminhões, atrasa para sair da fazenda e vai virando uma bola de neve. Aí vai atrás de puxar esses caminhões já de noite para o gado chegar no dia seguinte e gera um transtorno. […] A gente recomenda a antecipação do manejo, que o gado já esteja perto ou dentro do curral no momento do embarque. Assim os caminhões chegam, já carregam e a gente tem mais tempo de fazer as travessias mais complicadas”, indicou.

“O que a gente sempre pergunta também quando a gente fala com os pecuaristas no pré-embarque é se tem alguma outra estrada alternativa por dentro de outra fazenda, que esteja melhor para o deslocamento”, acrescentou.

Zamarchi disse também que, eventualmente, o tamanho e o peso dos caminhões acaba sendo subestimado. “Uma coisa que às vezes acaba acontecendo é subestimarem o tamanho do caminhão. Às vezes o produtor observa que uma camionete passou e acredita que o caminhão também vai, mas é mais complicado. Os caminhões hoje em dia estão cada vez maiores, é uma tendência, o boi está aumentando, e os veículos também estão cada vez maiores, mais pesados, então o problema é um pouco maior”, sustentou.

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Veja no vídeo a seguir a entrevista completa com Éder Zamarchi ao Giro do Boi desta sexta, 19: