A água salobra pode prejudicar o consumo de suplemento pelo gado?

Veterinário apontou soluções para a situação, mas ponderou que a viabilidade econômica deve ser analisada para não encarecer demais o custo de produção

A dúvida atendida no Giro do Boi Responde desta segunda, dia 11, veio de Pentecostes, município no Ceará, e foi enviada pelo pecuarista Paulo César Gurgel. “Tenho 150 matrizes produzindo bezerros. […] Por ter escassez de água doce, sou obrigado a fornecer, no período seco, água salobra com 10.000 ppm de sal. Observei que o consumo de sal mineral cai muito nesse período, então passei a adicionar 20% de xerém de milho e o consumo normalizou. Gostaria de saber se essa água pode prejudicar a saúde e desempenho do rebanho e o que posso fazer para melhorar essa situação”, escreveu em sua mensagem.

A dúvida foi respondida pelo médico veterinário Fernando Loureiro, que é especialista em água para bovinos.

“O ideal é servir, sim, uma água doce, que está escassa aí na sua região. Os animais vão preferir uma água com menor teor de sais solúveis em água, a água que a gente classifica como doce. Mas se você não tem ela e os animais já estão acostumados e habituados a beber essa água, […] você tem que ir usando esses paliativos, como a adição do xerém de milho para que haja o consumo da mistura mineral, que vai trazer benefícios para os animais”, ponderou Loureiro.

IMPACTO NO CONSUMO

O veterinário disse que de todo modo, o consumo da dieta será menor do que ocorreria caso a água não fosse salobra. “Com certeza o consumo de água vai ser menor do que seria se você tivesse conseguindo servir uma água doce plenamente. E aí, com isso, os animais bebem menos água voluntariamente e acabam consumindo menos matéria seca, menos a dieta total, menos do capim, do pasto e também do suplemento que você está servindo no cocho. Por isso, o desempenho acaba ficando prejudicado”, projetou o especialista.

SOLUÇÕES

Loureiro apontou algumas possíveis saídas para o pecuarista cearense, mas lembrou que a solução sempre deve ser analisada do ponto de vista econômico.

“O ideal é buscar fontes alternativas, talvez perfurando um poço. Tem que ver a realidade da região, como dessalinizar a água, o que muitas vezes pode ser inviável economicamente. […] Entre as formas de você ir resolvendo isso para o futuro: buscar alternativas de fontes de água, nascentes de água doce na região, rios de água doce, que não estejam muito longe e principalmente no subterrâneo, perfuração de poço. Mas ainda assim, pode ser que isso não seja a melhor solução econômica, que a viabilidade desse processo não traga a possibilidade de lucro, de retorno econômico da atividade. E aí, como os animais já estão adaptados e bebendo essa água, o ideal vai ser seguir com isso, sabendo que o desempenho vai estar prejudicado. Não vai ter um problema maior de saúde para os seus animais”, analisou.

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REPOSIÇÃO

O problema maior para o produtor, segundo Fernando, são os animais que vêm de fora da propriedade e, por isso, não estarão adaptados a consumir a água salobra com a mistura de xerém de milho. “Eu acredito que você terá problemas trazendo animais de fora da região, de fora da propriedade, que não estejam acostumados com essa realidade da salinidade da água aí na sua propriedade. Os animais que não foram acostumados agora se acostumam e acabam bebendo essa água por ser a única alternativa”, comentou.]

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Qual é a sua dúvida sobre qualidade da água para gado de corte? Envie para o Whatsapp do Giro do Boi, pelo número (11) 9 5637 6922 ou ainda pelo e-mail [email protected].

Pelo vídeo a seguir é possível assistir na íntegra a resposta do médico veterinário Fernando Loureiro ao pecuarista cearense: