Com uma área de dimensões continentais e também como um dos principais fornecedores de alimento em todo mundo, uma eventual invasão de gafanhotos em lavouras brasileiras poderia gerar prejuízos consideráveis. Por isso, nesta terça, 07, Giro do Boi levou ao ar entrevista com o engenheiro agrônomo, mestre e doutor em tecnologia de aplicação de produtos fitossanitários Henrique Campos, da empresa de consultoria Sabri – Sabedoria Agrícola, para falar das ferramentas e conhecimentos que o País tem caso a nuvem de gafanhotos formada recentemente no norte do Paraguai entrasse na fronteira brasileira.
“Esse é um fenômeno natural e são até corriqueiras estas nuvens, estas dispersões de insetos. Só que o que foi atípico este ano – e está tudo atípico neste ano – é que são milhões e milhões”, apontou Campos.
O agrônomo apontou três fatores que levaram à formação atípica desta nuvem de gafanhotos da espécie Schistocerca cancellata. “Primeiro é a temperatura. […] Quando este surto se deu, foi em torno de 20 de junho, quando foi decretado o estado de emergência, as temperaturas no Rio Grande do Sul estavam bem altas, a gente estava com 25, 27º C e era inverno, deveria estar frio lá, seria o inverno gaúcho. Mas a gente tinha temperatura propícia, em torno de 15º C o inseto já se dá muito bem. Então a gente tinha temperatura alta, favorecendo estes insetos. Segundo, vento, justamente a direção do vento e vento favorável. E o terceiro ponto, comida. Estes insetos estão o tempo todo competindo por alimento. Esta competição promove, impulsiona esta aglomeração destes insetos e aí, por falta de alimento, eles começam a sair em revoada, nesta dispersão. Então é um processo natural, mas este ano foi atípico em função de temperatura, em função de vento e em função da quantidade muitas vezes maiores de insetos que a gente está acostumado a ver no dia a dia”, listou.
Em meio a tudo isso, Campos disse que caso os gafanhotos se desloquem para o Brasil pela fronteira do Rio Grande do Sul, estarão “entrando no lugar errado”. Isto porque o estado tem 25% de toda a frota brasileira de aeronaves agrícolas, aptas a aplicar produtos com velocidade e precisão. Além das aeronaves adequadas, Campos também lembrou da capacidade dos pesquisadores brasileiros e dos produtos biológicos e fisiológicos que podem conter a revoada dos insetos. Para que todas estas ferramentas e conhecimentos estejam à mão caso seja necessário sua utilização, o Sindag, Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola, participou junto ao Mapa, CNA e Farsul da elaboração do plano estratégico de contenção da nuvem de insetos.
Campos ainda informou que o Brasil possui hoje a segunda principal frota de aeronaves agrícolas em todo o mundo. “Hoje a gente está com a segunda maior frota e digo mais: no crescimento que a gente tem visto no agro, para a gente ter a primeira está próximo. A gente teve aumento de 50% na quantidade de aeronaves nos últimos dez anos”, disse.
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Veja a entrevista completa com Henrique Campos no vídeo abaixo: