Em entrevista concedida ao Giro do Boi nesta quinta, 26, o presidente da Abiec, a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne, Antônio Camardelli, disse que as decisões tomadas por países ou blocos já estão impactando os embarques.
“O (primeiro) semestre vai ser um período de avaliação muito delicado. A frase que a gente tem usado aqui nas empresas exportadoras é ‘só comprar aquilo que tiver vendido’, por conta das soluções adotadas pelos blocos ou pelos países, que são comunicadas em períodos de 48 horas antecipadamente. E aí tu não consegue equalizar todo o processo de compras, frete, navio, embarque, disponibilidade de contêineres”, justificou.
Camardelli informou que entre os impactos da pandemia de coronavírus para as importações estão cancelamento de contratos pela União Europeia e fechamento de restaurantes na China, que vetou seus processos comerciais e que somente agora indica a reabertura progressiva de cerca de 2 milhões de estabelecimentos do food service.
O gigante asiático, a exemplo do que ocorreu em 2019, segue sendo o maior comprador da proteína vermelha brasileira, tendo importado no primeiro bimestre de 2020 90 mil toneladas de carne, um valor que corresponde a US$ 518 milhões. A China é seguida por Honk Kong, bloco europeu, Egito e Chile, uma lista que se mantém a mesma desde o ano passado e também para o início deste ano, conforme apontou Camardelli.
Uma das oportunidades que se abre para o Brasil, conforme revelou o presidente da Abiec, é a característica de seu produto. Enquanto Estados Unidos, Austrália e Argentina, alguns dos principais concorrentes, têm mix de vendas voltado para o mercado gourmet, a proteína brasileira ocupa espaços na carne ingrediente e culinária, que são potencialmente mais demandadas neste período de quarentena em diversos locais do mundo.
Na sua entrevista ao Giro do Boi, Camardelli reforçou ainda a importância da manutenção dos trabalhos da indústria, seguindo os padrões sanitários estipulados, reconheceu os esforços do trabalhadores do setor e acenou que as perspectivas são positivas para o restante do ano.
Confira a entrevista na íntegra pelo vídeo abaixo: