A raça indiana Ongole, que deu origem ao Nelore, chegou ao continente Indiano cerca de mil anos antes de Cristo. Do cruzamento do Ongole com diversas outras raças surgiu o Nelore.
A chegada do Nelore ao Brasil data de 1868, quando um navio inglês teria atracado no porto de Salvador-BA, com um casal de zebuínos da raça para comercialização.
Uma década depois, o criador Manuel Ubelhal Lemgruber, que teve contato com a raça em uma visita à Europa, encomendou um casal de animais Nelore.
Manuel conheceu o nelore exposto em um zoológico na Alemanha, como animal exótico. A família Lemgruber, de origem Suíça, chegou ao Brasil com outros imigrantes europeus no início dos anos 1800.
A travessia do Atlântico se deu para fugir das dificuldades no país de origem e aproveitar o incentivo da Coroa Portuguesa para a aquisição de terras e dinamização dos núcleos urbanos, para auxiliar no desenvolvimento do Brasil.
Logo os Lemgruber começaram a trabalhar a terra no interior do Rio de Janeiro, utilizando o que havia de mais avançado na época para agricultura e pecuária.
Nelore Linhagem Lemgruber
Manuel Lemgruber fez mais duas importações de lotes de animais zebuínos e iniciou um processo de melhoramento da raça Nelore, chegando a utilizar três fontes genéticas distintas, para escapar da consanguinidade.
A partir daí, além da Bahia e Rio de Janeiro, o Nelore seguiu se espalhando por outros estados brasileiros, passando também por Minas Gerais e São Paulo.
Com o crescimento do Nelore, chegou a necessidade da identificação da genealogia dos animais da raça. Em 1938 começa o registro genealógico das raças zebuínas. Atualmente, a Associação Brasileira de Criadores de Zebu possui mais de 10 milhões de dados de animais zebuínos, de diversas raças, de corte e leite.
Entre 1939 e 2022 foram quase 8 milhões de registros genealógicos definitivos emitidos pela ABCZ, de várias raças zebuínas.
O ciclo de importações do Nelore
O governo inglês manteve por muito tempo, no início do século XX, diversas fazendas experimentais na Índia, com o intuito de realizar o melhoramento genético das raças zebuínas, feito pelos príncipes indianos, considerados exímios selecionadores.
Com o final da autoridade inglesa sobre a Índia no final da década de 1940, o melhoramento genético do zebu indiano foi se enfraquecendo. Com a intenção de ampliar receita, o país decidiu ampliar as exportações de genética para outros países.
O Brasil começou suas importações em 1930, mas as importações de 1952 e 1962 foram fundamentais para os rumos do melhoramento genético do zebu brasileiro.
Os criadores Torres Homem Rodrigues da Cunha, Veríssimo Costa Jr. (Nenê Costa), Rubico de Carvalho, Jacinto Honório da Silva Filho e Celso Garcia Cid foram os importadores de 1962.
Nesse período chegaram ao Brasil raçadores como Karvadi, Taj Mahal, Golias e Godhavari que se tornaram as principais linhagens da base da raça Nelore no Brasil.
Características do Nelore
A adaptabilidade da raça Nelore ao clima tropical brasileiro foi um dos fatores determinantes para que esse zebuíno se tornasse a principal raça na produção de carne no Brasil.
Sua rusticidade e resistência ao calor, permite que seu organismo transforme material forrageiro de baixa qualidade em carne de qualidade.
Soma-se a isso sua habilidade materna, com vacas que tem facilidade no parto e que produzem bezerros fortes e saudáveis.
São animais precoces na terminação, o que garante a distribuição de gordura de forma homogênea por toda a carcaça e favorece a produção de animais jovens e pesados.
Seu rendimento de carcaça é imbatível, com animais que alcançam facilmente um peso na casa das 20, 23 arrobas, com rendimentos que se aproximam da marca de 60%.
O Brasil é, atualmente, um dos maiores exportadores de carne bovina, atendendo mais de 145 países. A raça Nelore teve, e tem, papel fundamental na construção e manutenção desse cenário da economia brasileira ligado ao agronegócio.