A febre maculosa ganhou notoriedade após um surto de mortes recentes no Estado de São Paulo.
Até segunda-feira, 12, a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo registrou 17 casos com oito mortes. Em 2022, foram registrados 63 casos, com 44 óbitos confirmados.
“É uma doença com alta letalidade. Pelos dados estatísticos, de cada dez pessoas infectadas, quatro morrem”, diz o médico veterinário Renato Andreotti, especialista em parasitologia e pesquisador da Embrapa Gado de Corte, localizada em Campo Grande (MS).
Isso significa um porcentual de 40% de mortes por conta da febre maculosa. A taxa é muito alta, no entanto, a doença tem cura.
A febre maculosa e o carrapato estrela
A febre maculosa se relaciona com o campo pois tem nas espécies de carrapato Amblyomma sculptum e Amblyomma aureolatumo os grandes vetores da bactéria que transmite a doença.
“Se chama febre maculosa, porque essa febre além de causar o estado febril, ela provoca máculas, ou seja, manchas vermelhas pelo corpo”, diz Guilherme Vieira, médico veterinário.
Os vetores são popularmente conhecidos como “carrapato estrela” e podem estar infectados por bactérias do gênero Rickettsia rickettsii.
“Esse carrapato tem como seus principais hospedeiros capivaras, gambás e pequenos roedores. Em alguns casos, eles podem parasitar cães e equinos”, diz o médico veterinário Roulber Carvalho, gerente técnico e de marketing da Boehringer Ingelheim.
Falta de informação é o principal motivo das mortes
É essa bactéria que tem levado muitas pessoas a óbito e a falta de informação é o principal motivo das mortes.
“Na maioria das vezes, os pacientes não informam que estavam em áreas rurais e por isso são diagnosticados como uma febre normal”, diz Andreotti.
Por isso, é importante ir urgente a uma unidade de saúde e informar se esteve em área rural e apresentar as manchas e a febre.
Se diagnosticada rapidamente e tratada com antibiótico específico, nos três dias iniciais de manifestações clínicas, a doença tem cura. Porém, depois que a bactéria se espalha pelas células que formam os vasos sanguíneos, o caso pode se tornar irreversível.
Ciclo de vida do carrapato
O ciclo de vida do carrapato é diferente dos demais carrapatos que atacam o rebanho de bovinos. Segundo Andreotti, o carrapato pode possuir um ciclo de vida bem mais longo por parasitar tantos hospedeiros além de animais silvestres.
Propriedades rurais com controle de carrapato no rebanho de equinos já ajudam no controle do carrapato estrela, segundo Andreotti.
Prevenção em áreas que há o carrapato estrela
A prevenção também é muito importante. Se for visitar uma área de risco para o carrapato, os cuidados a serem tomados são de verificar frequentemente se há algum carrapato preso ao corpo, usar roupas claras e com manga longa, calça comprida e sapato fechado.
“É um erro pegar o carrapato e estourá-los, porque você estará difundindo mais as bactérias pelo meio ambiente. O recomendado é queimar todos esses carrapatos”, diz Vieira.
Clique aqui e confira um folder que a Embrapa Gado de Corte elaborou sobre a febre maculosa, além do hotsite Museu do Carrapato feito pela própria unidade.