O cruzamento industrial de bovinos de corte mereceu o grande destaque no programa Giro do Boi desta terça-feira, 28. Assista ao vídeo abaixo e confira detalhadamente as 17 dicas para turbinar a genética bovina, com objetivo de uma produção de carne de qualidade.
As dicas foram do zootecnista Alexandre Zadra, autor do blog “Crossbreeding” e um dos grandes nomes do time de especialistas do Giro do Boi.
Zadra é supervisor regional comercial da Genex para os Estados do Acre, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Rondônia.
Ele respondeu às perguntas de telespectadores do Giro do Boi. Confira abaixo:
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O criador usou touro ou sêmen de reprodutores, de fato, melhoradores nesta última estação de monta?
Alexandre Zadra: Sim, estão utilizando animais melhoradores. Quando a gente fala em cria, estamos falando em subir degraus. Nos últimos dois ou três anos, o pessoal vem utilizando o Nelore para reposição de suas matrizes.
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Qual a tendência da cria nesse momento?
Alexandre Zadra: Muitos agora estão descartando e retendo as novilhas. No entanto, o pecuarista de cria que não seguindo o efeito manada está selecionando e deixando as melhores matrizes na fazenda.
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Qual raça para cruzamento industrial poderá obter melhores carnes com marmoreio tendo como base fêmeas Nelore? As opções são várias?
— José Camilo (por e-mail)
Alexandre Zadra: Fazer mármore, um mármore de alto grau e utilizando o Nelore não é fácil. Entre os animais que mais podem ajudar nisso são as raças Angus, Wagyu e a coreana Hanwoo. Eles vão fazer um bom mármore.
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Vaca F1, Angus/Nelore, ao voltar elas com o Nelore, vão apresentar bom rendimento e boa precocidade?
— Ramon Pestana, de Vila Velha (ES)
Alexandre Zadra: Pode sim apresentar um bom rendimento, no entanto, é importante cuidarmos da novilha. Pois a fêmea com sangue Nelore fica cerca de dez dias a mais com o feto e o bezerro nasce dez quilos mais pesado.
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Estou implementando um cruzamento de touro da raça Senepol, sobre matrizes da raça Tabapuã, e quero saber se posso cobrir as filhas deste cruzamento F1 com touros Sindi, ou não? Teria um melhor cruzamento a fazer?
— Vinícius Garcez, de Turvânia (GO)
Alexandre Zadra: O uso de touros Sindi pode ser sim uma opção, no entanto, eu usaria algum touro europeu.
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Novilhas Angus, puras, com touro Angus vermelho, dá bom?
— Valdir Lorenz, Roque Gonzales-RS
Alexandre Zadra: Sim dá uma boa opção de cruzamento. No entanto, entre o Angus e o Red Angus, o número de animais Angus é maior e por isso é mais fácil encontrar nessa base mais animais melhoradores.
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Qual é o melhor cruzamento para minha região do Goiás foco em ganho de peso. Já trabalhei com o Canchim, agora estou trabalhando com o Aberdeen Angus. Acho que tenho muitas opções e não sei qual devo firmar maioria do rebanho Nelore e no cruzamento com o Canchim.
— Ademir Rocha, de Cachoeira Alta, GO
Alexandre Zadra: Para uma inseminação artificial eu buscaria raça pura taurina, agora se for a cobertura de um touro a campo, eu buscaria reprodutores como Canchim, um Braford ou Santa Gertrudis.
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Fêmea Chapol (Charolês com Senepol) vai bem na região quente do MT e RO, por exemplo? Qual seria o touro indicado para a produção do Tricross dessa F1?
— David Cavatti, de Águeda em Portugal
Alexandre Zadra: As fêmeas são animais meio-sangue tropical. Pode usar touros bimestiços que vão muito bem como reprodutores Brangus e Braford. Se voltar com zebu vai ter 100% de heterose, o que seria também muito interessante.
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Fiz um grande investimento na compra do Angus e fiz a terminação a pasto, com o sal mineral de incremento. No curral era o boi gordo e com a gordura ideal, mas no acabamento você vê que tudo era músculo. O que faço com o próximo lote? Não tenho estrutura para confinamento.
— Marlos Daniel, de Itamaraju (BA)
Alexandre Zadra: A saída é castração dos animais, pois só assim se garantirá o acabamento dos animais. Animais inteiros não têm acabamento ideal e uniforme, a não ser que sejam muito precoces.
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Está certo o termo: sujou a barriga da fêmea? Quero saber a opinião de um especialista se isso tem fundamento, o termo “sujo”, ela realmente acontece a ponto de diminuir o potencial de produção (leite) desta vaca leiteira ou apenas inviabiliza esta vaca entrar em uma estação de monta naquele período fora a possibilidade de parto distócico. Pois o meu projeto é colocar 80% de embriões tricross (F1 Angus/Nelore x sêmen Limousin) e 20% de embriões tricross (F1 Angus/Nelore x sêmen Wagyu) na barriga de gado Girolando 5/8. Pequena propriedade leiteira com proposta de otimizar o faturamento da propriedade como é feita em propriedade nos Estados Unidos.
— Paulo Ramires, de Porto Murtinho (MS)
Alexandre Zadra: Antes de partir para isso, é preciso saber qual o objetivo da produção. Se é por exemplo para produção de animais de produção. Já o termo barriga suja da fêmea é quando houve um cruzamento indesejado. Quando uma vaca ou novilha de boa genética cruza com um macho sem perfil de um animal reprodutor melhorador.
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Meu lote de novilhas é meio-sangue sangue Bonsmara/Nelore. Qual raça usar nessas fêmeas? Bonsmara, Nelore ou entrar com uma terceira para fazer um tricross. Os bezerros serão manejados a pasto com um proteico de baixo consumo de 50 a 100 gramas por 100 quilos de peso vivo?
— Ivan Santos, de Conchas (SP)
Alexandre Zadra: O resultado do cruzamento vai fazer animais com 70% de tropicalização. Então eu recomendaria o uso de reprodutores bimestiços em cima como touros Canchim ou Braford.
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Tenho um touro Senepol com quatro anos e meio e 1.100 quilos. Devo deixar com novilha de 20 a 24 meses? Ou seria melhor pôr um touro mais leve?
— José Pinheiro de Lima, de Jateí (MS)
Alexandre Zadra: O recomendado é não deixar essa fêmea com um touro tão pesado, pois ele pode machucá-la. Então o touro está pesado sim. O ideal é buscar um touro mais jovem e mais leve para cruzar com a fêmea.
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Qual a sua opinião sobre a engorda de animais F1 e Tricross no semiconfinamento para terminação de carne premium?
— Isac Lacerda, de Gurupi (TO)
Alexandre Zadra: Esse tipo de engorda é ideal com animais cruzados entre raças taurinas e raças zebuínas. O resultado será sim de bovinos de carne premium. O importante é saber que esses animais terão apetite e, por isso, tem de caprichar na comida.
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Entre as genéticas Senepol e Canchim, qual seria melhor colocar em vacada Nelore e anelorada para fazer bezerros pesados?
— Francisco Ferreira, de Bragança Paulista (SP)
Alexandre Zadra: Tanto as genéticas Senepol e Canchim podem fazer bezerros pesados no cruzamento com vacas Nelore e aneloradas.
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Diminui os riscos de parto distócico com IATF em novilhas precoces Nelore utilizando sêmen de touros Angus?
— José Flávio, de Sorriso (MT)
Alexandre Zadra: O Angus, de modo geral, é uma genética para parto fácil. Pode usar a raça pois não dá problema nesse sentido.
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Qual a dieta utilizada em confinamentos americanos, porque o Angus por lá tem melhor terminação que o nosso?
— Jean Gleik, de Paranaíba (MS)
Alexandre Zadra: O desempenho desses animais dependem de uma boa alimentação, pois essa genética precisa comer para garantir o melhor desempenho e dependem de uma temperatura ideal para comer.
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Na proporção de um rebanho de 100 cabeças de F1 Nelore/Senepol, até quantas crias devo deixar para o abate?
— Pacheco, de Porto Velho (RO)
Alexandre Zadra: A proporção que pode ser utilizada é de cerca de 70% ou 60% para selecionar as matrizes da fazenda.
Caindo na braquiária: como adquirir?
Confira no vídeo acima a íntegra desse bate-papo com o especialista. Ele também falou como os interessados podem ter o seu livro: “Caindo na braquiária: pecuária e pecuaristas sobre a visão de um zootecnista apaixonado pela bovinocultura”.
A publicação não está à venda, mas basta indicar alguma ajuda a instituições de caridade locais que Zadra manda a publicação pelo correio.
Para outras informações, mande um “zap” para o especialista no número: (16) 99962-2889.