Há cerca de dois anos, Jordan Bergton Andrade, de Vitória da Conquista (BA), mudou seu modo de pensar. Ele é empresário do ramo atacadista e pecuarista. É dono das fazendas Bougheville e Primavera, no sul da Bahia, nos municípios de Firmino Alves e Itapetinga, respectivamente. Andrade viu seu lucro por hectare aumentar 4,3 vezes de 2020 para 2021. No entanto, para este ano, a lucratividade saltará seis vezes sobre os ganhos de 2020.
O pecuarista participou do programa Giro do Boi, nesta segunda-feira, 30. Ele falou como uma simples mudança de ideia provocou essa grande reviravolta no negócio. Em 2020, os ganhos médios eram de R$ 300 por hectare. Em 2021, passou para R$ 1.285. Este ano são esperados R$ 1.800 de lucro por hectare.
“Confesso que, como empresário e administrador, mudar a linha de negócios é algo muito normal. No entanto, quando isso foi para mudar a realidade de minha fazenda, no primeiro momento, meu lado conservador falou mais alto. Mas depois vimos que a mudança valeria a pena”, diz Andrade.
Santa recomendação
Andrade recebeu as recomendações de Danilo Oliveira, coordenador da Rehagro no Nordeste. Oliveira também participou do Giro do Boi. O plano consistia basicamente em alterar o foco da atividade das duas fazendas de Andrade, que faziam recria e engorda.
“O grande pulo do gato foi levar toda a parte da recria apenas para a fazenda Bougeville, que é uma propriedade de relevo mais acidentado e com morros. A Primavera concentrou a atividade de engorda”, diz Oliveira.
Segundo a avaliação de Oliveira a empresa anteriormente tinha de lidar com insumos distintos para se adequar a cada propriedade. Ao concentrar apenas uma atividade em cada propriedade, a gestão passou a ser mais eficiente.
“Este é, muitas vezes, o principal problema de uma fazenda. Estar num local e condições que não tem aptidão para conduzir uma determinada atividade na pecuária”, diz Oliveira. Por isso o método foi adequar a realidade de cada fazenda para desempenhar o melhor possível.
Rotacionado morro acima
Um dos grandes desafios desta mudança foi instalar piquetes de pastejo rotacionado no meio do terreno acidentado da fazenda Bougheville. Normalmente, o tipo de instalação se dá bem em terrenos planos, mas também se provou eficiente em locais com morros.
Segundo Oliveira, os piquetes foram distribuídos para que fosse aproveitado ao máximo a área. “A divisão dos piquetes não foi a mais perfeita, houve inclusive diferenças entre tamanho e lotação entre eles, mas foi um projeto que deu certo”, diz Oliveira.
A melhor variedade para este sistema é a Brachiaria decumbens. Segundo Oliveira, a planta se fixa bem nos morros por sua característica de se fixar bem na terra. É uma boa opção para não perder fertilizantes levados pela enxurrada. Esta é uma das principais dores dos produtores ao trabalhar em áreas de declive.
Já a terminação na Primavera também está garantindo resultados bem expressivos com a terminação de bovinos com um ótimo rendimento de carcaça e por estar próxima ao frigorífico. Um dos resultados mais promissores obtidos neste novo modelo de negócio foi o de abater um lote de bois que apresentou 54,5% de rendimento de carcaça.
“Não é a média da propriedade como um todo, mas é algo que nós estamos buscando”, afirma Andrade.
Confira no vídeo abaixo a entrevista na íntegra: