Trabalho escravo, envenenamento dos alimentos, desmatamento e queimadas. Os temas são sensíveis e, invariavelmente, são todos relacionados ao agronegócio. Mas todas as informações são de notícias falsas, mais conhecidas pelo termo americano ‘fake news’. E se engana quem acha que apenas na cidade circulam ‘fake news’ e o próprio desconhecimento do trabalho de homens e mulheres do campo. Na zona rural também.
“Campo Verde, em Mato Grosso, é uma região agrícola. Imaginávamos que não haveria crianças e pessoas que não entendessem ou conhecessem a realidade do agronegócio. Mas por incrível que pareça, elas não conhecem e não entendem. Teve criança que nunca tinha visto um pé de algodão”, diz a fisioterapeuta e produtora rural Geni Schenkel, de Campo Verde (MT).
Há quatros anos, Geni lidera grupos de mulheres que querem justamente desmistificar todas as notícias falsas do agro nas escolas de todo o País. O movimento é o das Agroligadas, que já reúne cerca de 800 mulheres e possui 13 núcleos espalhados pelo País. Além de Mato Grosso, há iniciativas desenvolvidas na Bahia, Paraná, São Paulo e Rio Grande do Sul. “Entramos nas escolas para contar a verdade do agro”, diz Geni.
Agro nas escolas
Geni aproveitou sua passagem pela capital paulista e falou do trabalho das Agroligadas no Giro do Boi, nesta terça-feira, 3. O grupo completa quatro anos em 2022 e começou por uma iniciativa das próprias escolas, como uma forma de suporte de conteúdos educacionais que possam trazer o agro de fato.
“Infelizmente os livros estão desatualizados, então ainda dentro dos conteúdos tem trabalho escravo, ainda tem envenenamento do prato, desmatamento, tem muita fake news mesmo. E os nossos filhos sabem que não é assim”, diz Geni.
Iniciativas como essa poderiam ter evitado situações constrangedoras como a vivida pelo estudante paulistano Vittorio Furlan Vieira, de 18 anos,que foi repreendido pelo professor depois de defender o agronegócio durante uma palestra.
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Entre as integrantes das Agroligadas está a zootecnista e escritora Helen Fernanda Barros Gomes, professora da Universidade Federal de Rondonópolis (MT) e autora de dois livros cujas histórias relatam, de forma didática, que a nossa pecuária é sustentável e fornece alimento de qualidade para a população.
Agro inovação
O trabalho feito pelas Agroligadas tem levado estudantes direto a estandes no meio das lavouras em fazendas ou até mesmo em exposições agropecuárias. O intuito, além de desfazer todas as fake news, é mostrar que o agronegócio é um dos campos mais promissores para o desenvolvimento do próprio País. As atividades já funcionam como um incentivo para esses estudantes ficarem no campo e participar dessa evolução.
“O agronegócio é tecnológico e tem inovação. Precisamos mostrar isso às nossas crianças e dizer que existe um setor muito atrativo para elas trabalharem no futuro”, diz Geni.
Agroligadas no Pantanal
O grupo de mulheres também está com uma programação especial na região do Pantanal mato-grossense. Segundo Geni, as Agroligadas farão um evento de quatro dias com a participação de 50 integrantes. Trata-se do Tour Agroligadas, nos dias 19 a 22 de junho, e que passará pelo Sesc Pantanal e fazendas da região de Poconé (MT).
O objetivo é levar mulheres do agro para conhecer outra realidade do setor, podendo assim compartilhar informações reais sobre o Agronegócio após imersão e vivência.
Confira a entrevista na íntegra no vídeo abaixo: