O Giro do Boi desta sexta-feira, 15, apresentou uma entrevista com o engenheiro agrônomo Maurício Palma Nogueira, consultor e sócio diretor da Athenagro, organizadora do Rally da Pecuária. A entrevista foi feita durante o evento “Pecuária 360 Graus”, realizado na capital paulista no mês passado, no qual Nogueira fez uma apresentação.
O consultor da Athenagro falou sobre os desafios para a pecuária bovina de corte brasileira, para atender a demanda global, crescente, por alimento e, ao mesmo tempo, estar de acordo com as metas de sustentabilidade e redução da emissão de gases de efeito estufa e pegada de carbono.
O primeiro passo para isso é justamente não dar espaço para informações que não condizem com a realidade ou não tratem o agro com o rigor técnico e científico necessário.
“Estamos com uma dificuldade muito grande de tratar esse tema de forma técnica. É até um pouco irônico, mas a maioria das informações não são exatas ou são fakes mesmo, mostrando coisas que não são realidades”, diz Nogueira.
As informações sobre o desmatamento no País, por exemplo, é uma das que mais tem prejudicado a imagem da agropecuária brasileira e que são divulgadas sempre de forma errada ou com viés sensacionalista, segundo o consultor da Athenagro.
“Por muito tempo, falam que nós atingimos um recorde dos desmatamentos, sendo que estamos muito longe do recorde. O desmatamento de fato aumentou, mas não é um recorde”, diz.
Para sanar este problema de uma vez por todas, Nogueira reforça que é preciso dar mais ênfase aos dados que a ciência que a agronomia e a zootecnia do País tem desenvolvido. “Nos aumentamos a produtividade da pecuária brasileira em 150% em 30 anos. É muita coisa quando a gente compara com o resto do mundo”, diz.
Novos critérios sobre o carbono
Outro ponto necessário para ele é a mudança nos critérios de balanço de carbono nos próximos, com a atualização dos dados de solo e pastagens, e que é necessário a criação de uma agenda positiva no agro, com as entregas acima do esperado, que a pecuária brasileira já fez, e ainda fará na próxima década.
“Nós temos de inserir a dinâmica do solo e das pastagens que hoje não entra nos cálculos. Então a gente faz o cálculo relativo. A pecuária brasileira já entregou muito mais do que se exige para os próximos dez anos e a gente já fez muito mais”, diz Nogueira.
Para o especialista, os próximos saltos da pecuária brasileira vêm justamente do maior incremento de tecnologia por parte do pecuarista, ganhando cada vez mais em produtividade, através do melhoramento do rebanho, sanidade, reprodução, nutrição e que culmina em uma terminação cada vez mais cedo dos animais.
Confira no vídeo abaixo a entrevista na íntegra: