O produtor que estiver preocupado com a crise dos fertilizantes pode encontrar a solução mais próximo do que imagina. Isso porque as áreas com sistemas integrados de produção, que potencializam o uso dos nutrientes pelas diferentes plantas que compõem o conjunto, podem reduzir a necessidade da aplicação de adubos externos.
Nesta terça-feira, dia 08, quem falou sobre o assunto no Giro do Boi foi o engenheiro agrônomo e mestre em fitotecnia Flávio Jesus Wruck, chefe-adjunto de transferência de tecnologia da Embrapa Agrossilvipastoril.
Conforme projetou o pesquisador, no Brasil já são cerca de 18 a 20 milhões de hectares ocupados com sistemas integrados de qualquer tipo. Logo depois, Wruck citou benefícios econômicos, agronômicos, ambientais e sociais que a integração traz para a agropecuária.
No pilar econômico, Wruck ressaltou a otimização da utilização de insumos. A terra, por exemplo, que é o maior patrimônio do produtor, permanece o ano inteiro em uso. Além disso, o agrônomo citou a maior estabilidade financeira de não ter somente um produto para comercialização.
Sob o aspecto ambiental, o chefe-adjunto de transferência de tecnologia da Embrapa Agrossilvipastoril citou que o sistema integrado oferece ao ambiente mais resiliência, conservando a natureza ao mesmo tempo em que utiliza a área de forma intensiva, tirando a pressão pela abertura de novas áreas.
Já do ponto de vista social, Wruck citou a geração de empregos e distribuição de renda. Por último, do ponto de vista agronômico, o especialista comentou a ciclagem de nutrientes.
FERTILIZANTES
Na integração lavoura-pecuária, por exemplo, o capim, a partir de sua raiz, consegue usar nutrientes que a soja não consegue. Ao passo que a oleaginosa capta nutrientes em uma profundidade de 20 a 30 cm da superfície, o capim vai mais longe, a até 1,5 metro de profundidade e absorve nutrientes que estão mais profundos no solo, bombeando para a superfície.
O pesquisador citou cálculos que fez recentemente sobre a economia de adubo que um sistema de consórcio entre capim e Crotalária pode trazer ao pecuarista. “Fazendo consórcio de Braquiária com Crotalária ochroleuca, nós temos mais de 7,3 toneladas de matéria seca por hectare com 60 dias após o plantio desse consórcio. Isso significa, só falando em termos de ciclagem de nutrientes, mais de 700 pontos de KO2, de potássio, que hoje é a nossa maior preocupação em função de onde ele vem. Mais de 112 pontos de fósforo, de P2O5. Quando você traduz isso para dinheiro, o nosso produtor consegue ciclar em torno de R$ 6.700,00 por hectare desses nutrientes”, ressaltou.
“Então ele vai ter isso nessa biomassa de matéria seca. Isso é importante. Isso o produtor tem que saber. Então um dos grandes benefícios da integração é a ciclagem de nutrientes. E a ciclagem de nutrientes otimiza o processo de produção. Você reduz a entrada de nutrientes externos e reduz o custo de produção”, acrescentou Wruck.
MATO GROSSO
Wruck celebrou também durante sua entrevista a evolução das áreas com sistemas integrados em Mato Grosso, onde está a Embrapa Agrossilvipastoril. No estado, as áreas com integração saltaram de 1,1 milhão para 2,6 milhões de hectares entre 2011 e 2019. Em outras palavras, isso significa que somente a ILP já ocupa 5% de toda a área destinada à agropecuária mato-grossense.
Nesse sentido, o agrônomo elencou cinco fatores para a expansão da ILP no estado. Veja a seguir:
Por fim, assista a entrevista completa com Flávio Jesus Wruck ao Giro do Boi nesta terça, dia 08:
Foto ilustrativa: Reprodução / Embrapa