No Sul, até 90% dos pastos são formados por sementes piratas; saiba as consequências

Pesquisador evidenciou os prejuízos que o pecuarista tem ao usar sementes piratas e mostrou a complexidade do processo de produção das sementes certificadas

Em episódio da série Embrapa em Ação que foi ao ar pelo Giro do Boi desta sexta, 04, pesquisador da Embrapa Pecuária Sul Gustavo Martins fez um alerta. “A gente tem uma estimativa de que a taxa de uso de semente forrageira seja mais ou menos, no Sul do Brasil, de 10% de semente legal”, revelou. Assim, o uso de sementes piratas para formação de pastagens chega a preocupantes 90%.

“Então o comércio informal ainda é muito grande, infelizmente, porque ele não dá garantias. O consumidor da semente, o pecuarista que compra semente não tem garantia da qualidade dessa semente, garantias legais. Nesse sentido, nós temos toda uma legislação específica que determina as regras da produção de sementes e do mercado”, comentou Martins.

CONSEQUÊNCIAS

Conforme ressaltou o especialista, o pecuarista acaba não colhendo benefícios ao usar sementes piratas. Embora os custos da aquisição possam ser mais baratos, ao mesmo tempo o produtor deve gastar mais com a limpeza de pasto, uma vez que as sementes são impuras. Além disso, pelo baixo valor cultural das sementes piratas, o pecuarista pode acabar tendo que usar uma proporção maior de sementes para a formar o pasto.

“Depois aumentam a densidade de semeadura, plantam mais sementes na terra, pois é uma semente de baixa qualidade. Essa prática de aumentar densidade de semeadura não compensa um baixo vigor de sementes, por exemplo. E a gente pode estar colocando mais material desconhecido, que não é semente, que muitas vezes são sementes de outras plantas contaminantes que a gente está trazendo para dentro do nosso sistema de produção. Depois é difícil o controle”, disse em suma.

CONTROLE DO PROCESSO DE PRODUÇÃO

Para que a produção de sementes certificadas seja feita, o pesquisador exaltou o protocolo do controle de qualidade da Embrapa. “Dessa forma, gente sabe que para obter um produto de qualidade, uma semente de alta qualidade, é importante cuidar do processo de produção para que se possa chegar no final com esse produto de alta qualidade”, lembrou.

Em resumo, Martins destacou que um campo de produção de sementes é diferente de um piquete para o gado se alimentar. “É possível, pela legislação brasileira, nessas áreas de produção de sementes nós conduzirmos com animais em pastejo. […] Contudo, não se pode perder o foco na produção de sementes. Então várias práticas nos campos de produção são importantes para se observar”, salientou.

Em outras palavras, o pesquisador falou sobre as diferenças. Por exemplo, na homogeneização do ciclo das plantas para que as touceiras amadureçam ao mesmo tempo e, portanto, facilite a colheita. “Tem a condução do cultivo mantendo a produção vegetativa equilibrada. Para isso é importante, muitas vezes, contar com animais para desfolha ou desfolha mecanizada, com roçadas estratégicas. Essa questão da condução da fase vegetativa é importante”, comentou.

Do mesmo modo, Gustavo exaltou as adubações estratégicas em momentos importantes do ciclo de produção de sementes. Juntamente com a adubação, o foco em controlar as plantas daninhas, para que não ocorra contaminação do lote. Todas práticas que não podem ser garantidas no processo de produção de sementes piratas.

PÓS-COLHEITA

Posteriomente, Martins falou sobre a estrutura específica para o pós-colheita. As sementes passam pela limpeza de impurezas, ou seja, de possíveis sementes de plantas daninhas ou palhada. Depois vem a secagem para padronizar sua maturação. Enfim, o processo conta com equipamentos e máquinas próprias para a função com o objetivo de aumentar o vigor das sementes e, por último, seu valor cultural.

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Por fim, assista a reportagem com o alerta para o uso de sementes piratas e como são feitas as sementes de pastagens certificadas: