Confinamento ou pasto? Nesta terça, dia 1º, foi ao ar pelo Giro do Boi o 11º episódio da série especial Pasto Extraordinário, desenvolvida em parceria com a Corteva. E desta vez, o convidado foi o engenheiro agrônomo Dante Pazzanese Lanna, mestre em nutrição e pastagens, Ph.D em nutrição e pós-doutor pela Cornell University e University of California. Em suma, o professor da Esalq/USP falou sobre a relação entre os sistemas produtivos de gado de corte e suas possíveis sinergias.
Conforme analisou o pós-doutor, a evolução do desfrute da produção pecuária no Brasil resulta de uma série de melhorias em diversas áreas. “O que a gente observa é um aumento do uso de tecnologia em todas as fases da pecuária de corte. Então esses ganhos que são gigantescos, de 150% a 200% de aumento na eficiência de produção. Eles vêm de ganhos de 5% a 10% na reprodução, de aumentos, às vezes, de 20% a 30% na taxa de ganho de peso a pasto. E os aumentos são multiplicativos”, disse em síntese.
CONFINAMENTO OU PASTO?
Segundo ressaltou Lanna, no Brasil a pecuária de corte é predominantemente a pasto. Contudo, em momentos de exigência nutricional maior, o confinamento torna-se uma ferramenta para o uso da forrageira. Nesse sentido, ao viabilizar a engorda de categorias mais exigentes em momentos sensíveis da produção de pasto, o confinamento torna-se ferramenta para a recuperação da pastagem.
Em seguida, Dante esclareceu sua colocação. “O que o confinamento, ou a suplementação a pasto, essas duas tecnologias, nos garantem? Duas coisas. Em primeiro lugar, aquele bovino que ia entrar na seca quando tem menos produção forrageira e ia perder peso, ia morrer com três a quatro anos de idade, nós suplementamos e trazemos para o confinamento. Assim, ele ganha, no cocho, três ou quatro vezes mais do que ele ganharia a pasto. E em 100 dias de confinamento, que é um período muito curto, nós conseguimos que ele ganhe aquele peso e vá para o mais jovem”, apontou.
Depois disso, além de desafogar o pasto, o produtor ganha na qualidade do pasto que restou. “O que muitas pessoas esquecem é que você melhorou também (a condição) para os animais que estão 100% a pasto. No momento que você tira uma parte do rebanho para fazer a suplementação, você liberou áreas de pastagem para aqueles que estavam no pasto”, analisou.
IMPACTOS POSITIVOS
Do mesmo modo, ao deixar de lado a rivalidade confinamento ou pasto e entender como uma combinação, a pecuária tem benefícios além da engorda. “A gente via muitos casos no Brasil de que as vacas tinham baixa fertilidade. Por quê? Porque chegava na seca, você tinha muita falta de alimento e você tinha aborto. […] Então parte da melhora da reprodução que nós vimos no Brasil, parte do melhor ganho de peso dos bezerros a pasto, vem justamente desta sinergia”, relacionou.
Posteriormente, Lanna confirmou como o produtor deve entender os sistemas de produção. “Existem conceitos totalmente errados de que o confinamento disputa com o pasto. Isso é a maneira absolutamente errada de se ver a coisa. Na realidade, um é uma ferramenta para o outro. Portanto, eles se ajudam e permitem uma produção melhor, tanto para o animal a pasto quanto para aquele que está em confinamento”, afirmou.
CONFINAMENTO OU PASTO: PONTOS EM COMUM
Em conclusão, Lanna lembrou que decidindo engordar em confinamento ou pasto, o produtor continua tendo 70% a 80% dos custos com a nutrição. Assim, pensando nesse cenário, o professor lembrou do desenvolvimento de um software que ajuda na decisão ao formular a dieta.
Trata-se do RLM, sigla para Ração de Lucro Máximo. “Nós desenvolvemos um software que permite calcular as exigências nutricionais. E o nosso software permite a utilização econômica das dietas”, informou. Em outras palavras, Dante lembrou que é possível atender às exigências dos animais em confinamento ou pasto utilizando ingredientes com custos e valores nutricionais diferentes.
Primordialmente, o software usa um modelo matemático para apontar as alternativas. “É um algoritmo de otimização que permite às fábricas de ração, aos granjeiros de gado de leite ou corte, formularem dietas […] da maneira mais econômica possível. Então digamos que 100% do rebanho nacional pode ser servido pela tecnologia que nós criamos na Esalq”, confirmou.
Além disso, a solução reforma ainda a sustentabilidade da pecuária de corte em confinamento ou pasto. “Nós incluímos nesse esforço um trabalho ambiental. Ele calcula as emissões de gases de efeito estufa desse animal […] com esse viés de melhorar, mitigar e reduzir o impacto ambiental da produção de carne e leite”, enalteceu.
Por fim, assista o 11º episódio completo da série Pasto Extraordinário: