Na terra do pé de Cedro, fazenda corta “hora extra” do boi e margem sobe para 39%

Fazenda em Coxim fez um diagnóstico para identificar pontos fracos e encurtou o ciclo do boi melhorando gestão, aumentando GMD e apostando em confinamento

Nesta segunda, dia 31, foi ao ar mais um episódio da série especial Repórter Nissan, que visita propriedades de destaque no programa Fazenda Nota 10. Desta vez, quem recebeu a equipe do Giro do Boi foi a Rio Corrente Agropastoril, fazenda em Coxim que está se destacando na safra 2021/22.

Conforme lembrou o pecuarista Túlio Ibanez Nunes, a propriedade é de seu sogro e passou pelo processo de sucessão familiar. Como esposo da filha mais velha entre as três herdeiras do proprietário, Nunes buscou capacitação, como o MBA na Esalq, para estar à frente do desafio.

RAIO-X DA FAZENDA

Em seguida, o atual gestor identificou os pontos fracos da propriedade. Nesse sentido, a principal dificuldade era a “hora extra” que gado de corte fazia na fazenda em Coxim. “A gente tinha muita área que precisava ainda mexer. Muito investimento para fazer. Mas eu diria que o gargalo maior nosso é que a gente demorava muito para tirar o boi da fazenda. O boi ficava aqui na fazenda três, quatro, às vezes cinco anos para engordar no pasto. E eu já enxergava isso como um problema.

De acordo com o pecuarista, entrar no Fazenda Nota 10, programa de capacitação em gestão e comparação de resultados, facilitou a compreensão do que precisava mudar. “Quanto menos tempo o animal fica na fazenda, melhor é o giro de estoque, o giro do boi. O boi girando, a gente consegue (lucrar) mais. Então essa foi uma das coisas que eu aprendi com o Fazenda Nota 10”, destacou.

DEFININDO AS METAS

Além disso, Nunes destacou outro ponto essencial de conversão da fazenda em Coxim pelo programa, que eram as metas. Assim, o Fazenda Nota 10 compartilha os índices de referências de propriedades em situação similar para que cada um possa entender seu potencial.

Por exemplo, por conta das mudanças propostas pelo programa, a propriedade saiu de um GMD global médio de 351 gramas no 1º trimestre da safra anterior para 700 gramas na atual. Em síntese, o GMD global compreende o ganho médio diário de todas as categorias no ciclo completo.

Em outras palavras, o zootecnista e líder de projetos do Fazenda Nota 10 Rodrigo Gennari explicou o que a mudança significou para a fazenda em Coxim. “A gente vê o impacto financeiro bem positivo, bem relevante, que é o desembolso por arroba produzida. Eles tiveram uma diminuição de 36% de uma safra para a outra”, destacou.

Ao mesmo tempo, a fazenda em Coxim transformou as mudanças em margem. “O que a gente sempre procura na fazenda é passar essa harmonia entre a produtividade e o financeiro. Sempre caminhar em harmonia para encontrar uma margem atrativa, que é o lucro que a gente espera. Atualmente eles estão muito bem no primeiro trimestre, com 39% de margem. Eles estão superando inclusive as top rentáveis do ciclo completo, que têm 29% de média de margem. […] É uma Fazenda Nota 10!”, reconheceu Gennari.

Relembre aqui a história da Rio Corrente Agropastoril:

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PECUÁRIA INTENSIVA

Ao passo que atingia novos patamares de produtividade, a fazenda buscou sistemas de produção mais intensivos. Primeiramente, desenvolveu parceria com os Boiteis JBS em Mato Grosso do Sul. “Então a gente fez muita venda pro boitel em Rio Brilhante, em Terenos em parceria com o Friboi. Agora, esse ano aqui, a gente falou que ia fazer em casa também, não só fora. Aí construímos o confinamento e fizemos o nosso primeiro giro”, contou o gestor da fazenda em Coxim.

BEM-ESTAR ANIMAL

Da mesma forma que o sistema de produção da Rio Corrente Agropastoril mudou para se tornar mais intensivo, o bem-estar animal também acompanhou a evolução. Nesse meio tempo, o Fazenda Nota 10 apresentou os benefícios da substituição da marca a fogo para a fazenda em Coxim.

“Antes de entrar nesse programa a gente fazia a marcação a fogo que era obrigatória. No caso, da brucelose, além da marca da fazenda e a identificação das vacas. Como o nosso rebanho é expressivo, eram cinco números (para identificação). Então são cinco marcas a fogo, mais a marca obrigatória da brucelose e mais a marca da fazenda. Eram sete marcas que a gente fazia”, disse em suma o médico veterinário Marcos Misutsu.

Contudo, a propriedade agora, aproveitando os ensinamentos do professor Mateus Paranhos, coordenador de bem-estar do Fazenda Nota 10, está aos poucos reduzindo o uso da marca a fogo. “Nós estamos fazendo essa identificação agora com o brinco. A recomendação que o professor Mateus fez é a gente fazer isso logo ao nascimento. Então após o nascimento, os animais recebem um furo na orelha. A gente faz a tatuagem e o furinho na orelha. Posteriormente a gente coloca uma identificação para ficar visível de longe, sem ter que pegar o animal um por um. […] A gente vai eliminar todas (as marcas a fogo)”, projetou o veterinário.

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IMPACTO NA CRIA

Juntamente com a capacitação do programa em bem-estar, a fazenda em Coxim observou melhorias em vários indicadores. “A gente teve diminuição de umbigo grosso, de problemas com diarreia porque a equipe está mais consciente. […] Mesmo a equipe do Pantanal, que sempre teve um sistema um pouco mais simples, um pouquinho mais rústico”, apontou Marcos.

Por fim, assista o episódio da série Repórter Nissan sobre a fazenda em Coxim pelo vídeo abaixo: