Projeto transforma pecuária sustentável em boas histórias para contar

Projeto MRV, parceria entre Embrapa, FGV, Criatec e Corteva, atesta a prática da pecuária sustentável levantando dados de fazendas parceiras e destacando suas histórias

Uma nova edição da série Pasto Extraordinário apresentou um projeto que está transformando a pecuária sustentável do Brasil em boas histórias. Segundo o consultor William Marchió, da Criatec, trata-se de uma parceria entre a própria consultoria com a Embrapa, FGV e a Corteva. O objetivo é monitorar, relatar e verificar as emissões de GEE pela pecuária praticada em fazendas parceiras.

Conforme atestou Marchió, as fazendas da América Latina já são normalmente sequestradoras de carbono. “Nós estamos no Hemisfério Sul, tropical, com uma intensidade de produção de matéria verde grande e isso leva a concentração de carbono no solo”, destalhou.

PECUÁRIA DE BAIXO CARBONO

“Então a gente consegue, no nosso país e nos países vizinhos, ter uma pecuária de baixo carbono. Isso é uma realidade. Só que a gente precisa pôr número nisso e colocar em boas histórias. O problema é que a gente não conta as nossas boas histórias”, constatou.

Nesse sentido, nasceu o projeto denominado MRV (monitoramento, relato e verificação) das emissões de GEE pelas fazendas de pecuária sustentável. A parceria envolve três Embrapas (Solos, Informática e Meio Ambiente), FGV, Corteva e a consultoria Criatec.

Dessa forma, as fazendas devem estar em compliance ambiental e social para integrar o projeto. Depois de verificar as condições legais, a propriedade passa para a fase de levantamento de dados.

“A partir daí a gente vai para a etapa seguinte, que seria buscar informações que corroboram para avaliar o quanto essas fazendas estão emitindo. Nós temos a WRI também no projeto, que é uma instituição internacional ligada à ONU, ligada às mudanças climáticas. Eles desenvolveram uma calculadora de emissões junto com a Embrapa e a Unicamp. É o GHG Protocol”, disse em seguida o consultor.

De acordo com Marchió, a calculadora informa o balanço de emissões para apontar para uma pecuária sustentável. “A gente costuma dizer que o balanço de emissões de gases de efeito estufa é como se fosse um balanço econômico da fazenda. Só que, ao invés de dinheiro, a gente tem a unidade carbono. Então a gente calcula o que foi produzido e o que foi guardado de carbono na fazenda”, detalhou.

TERRA DE BACURI

Uma dos grupos parceiros do projeto é o Terra de Bacuri, com propriedades em Mato Grosso. “Atualmente a gente trabalha com o sistema de recria e engorda. A gente vem trabalhando principalmente com treinamento de equipe. São treinamentos em bem-estar, manejo de pastagem, aplicação de herbicidas, relacionamento”, contou o gerente de produção Marcelo Vieira Duarte.

Da mesma forma, o grupo faz integração lavoura-pecuária, aproveitando a adubação das áreas de agricultura para fortalecer o pasto. “Esse pasto tem uma maior qualidade durante o ano. Pode ver que está tudo seco, mas nas áreas de integração continua verde ainda. Então é a modernidade que veio para ficar e está dando certo”, aprovou Duarte.

Além disso, o gerente de produção ressaltou a importância da parceria com a Corteva para controlar as plantas daninhas. “Hoje a gente tem a parceria com a Corteva. E a gente vem cercando as áreas para os animais não fazerem estrago e também reflorestando para melhorar o ambiente”, complementou.

Em suma, Marchió listou as boas práticas das fazendas do Grupo Terras de Bacuri. “Reforma de pastagem, integração lavoura-pecuária, lavoura-pecuária-floresta, a fixação biológica de nitrogênio, o plantio direto na palha, a plantação de florestas. Então todas essas tecnologias que eu citei compõem o grupo de tecnologias apoiadas pelo programa de agricultura de baixo carbono. A Terra de Bacuri tem feito isso”, confirmou.

Acima de tudo, o Grupo Terra de Bacuri conseguiu neutralizar 90% das emissões de GEE, informou Marchió.

FAZENDA CACHOEIRA

Posteriormente outra propriedade de pecuária sustentável parceira do projeto MRV apresentou-se. É a Fazenda Cachoeira, que também trabalha com integração e respeito ao meio ambiente ao mesmo tempo.

“A gente deve destacar a importância dos terraços, das curvas de nível nessa área. Nós estamos a 300 metros de um rio e a gente não tem nenhum tipo de erosão aqui nessa área. Para a gente, isso é tão importante aqui na fazenda quanto as matas. Manter o solo em boa conservação. Então pode olhar os terraços, o gado ao lado e a gente não observa nenhum tipo de erosão. A água fica no solo e isso enriquece o lençol freático e enriquece o solo”, comentou o gerente da Fazenda Cachoeira Itamar Goularth de Paula.

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Por fim, o consultor William Marchió revelou que a propriedade de pecuária sustentável foi além de neutralizar as emissões de GEE. “A Fazenda Cachoeira hoje está sequestrando em torno de 2,5 toneladas de carbono por hectare ao ano. Ela consegue compensar a emissão dos bovinos e ainda sequestrar. Então a gente consegue hoje falar bem da pecuária e mostrar números. A gente parte muito do princípio de que a nossa pecuária é parte da solução dos problemas e não a causa”, concluiu.

Por fim, assista a reportagem completa da série Pasto Extraordinário sobre o projeto MRV: