O pecuarista Antônio de Oliveira, produtor de leite com vacas Jersey em Mato Grosso, quer saber qual é a melhor receita de proteinado para gado de leite.
O zootecnista Guilherme Marquez, gerente nacional de produto leite da central Alta Genetics, orientou o produtor. Segundo o especialista, é necessário conhecer o metabolismo dos animais para responder a questão.
POR DENTRO DO RÚMEN
Conforme explicou o zootecnista, “dentro do rúmen dos animais nós temos algumas bactérias chamada bactérias celulolíticas. Essas bactérias são responsáveis pela quebra da fibra de celulose, a fibra da planta. Quanto mais população tiver lá dentro, mais fácil ela vai quebrar essas fibras e maior vai ser o metabolismo. E, consequentemente, maior vai ser a absorção de tudo que o animal for comer que tem fibra”.
Em seguida, Marquez detalhou o que acontece na seca, quando geralmente os produtores oferecem o proteinado para o gado de leite. “O que acontece na seca? Como essas bactérias não têm muito alimento, elas não se multiplicam por conta da falta de proteína. Não multiplicando, eu fico com uma população menor. Ficando com uma população menor, eu não tenho esse aproveitamento grande e eu não consigo fazer essa quebra da fibra. […] Então aí eu entro, sim, com o sal proteinado”, informou.
De acordo com o especialista, “Esse sal proteinado dá uma nova vida para essas bactérias celulolíticas. Elas vão se reproduzir e aí, consequentemente, vai facilitar o metabolismo das fibras ingeridas”, revelou.
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PROTEÍNA BRUTA X PROTEÍNA METABOLIZÁVEL
Logo depois, Marquez comentou a importância de diferenciar o conceito de proteína bruta de proteína metabolizável.
“Quando a gente joga aquela proteína bruta no rúmen, quem vai ‘sequestrar’ uma parte muito grande dela são essas bactérias, é a população microbiana do rúmen. Aí elas vão se alimentar e se multiplicar”, disse.
“E a vaca? O que vai acontecer? Nós temos que calcular realmente hoje pela proteína metabolizável. É aquela que vai para o intestino delgado, aquela que passa por tudo isso, vai para o intestino delgado e aí sim é absorvida pela vaca”, contou.
EXIGÊNCIA DA VACA LEITEIRA
Posteriormente o consultor esclareceu a exigência atendida pelo proteinado para gado de leite. “A vaca de leite está comendo e transformando em leite. Então eu preciso melhorar a alimentação dessa vaca e o sal proteinado, consequentemente, não é uma opção para essa vaca somente pensando em proteína. E aí a gente muda o conceito para proteína metabolizável”, salientou.
Por exemplo, ilustrou o especialista, para a vaca Jersey de cerca de 450 kg e lactando 20 kg ao dia, “ela vai com 3,5% de proteína e vai precisar de mais ou menos 1,6 kg de proteína metabolizável”.
CALCULANDO O NÍVEL DE PROTEÍNA
Em síntese, Marquez orientou o que o pecuarista deve saber para calcular a quantidade de proteína metabolizável no proteinado para gado de leite.
“Nós precisamos ver muita coisa da vaca: peso, o estágio de lactação, quantidade de leite que ela precisa produzir. Então tem muita coisa que a gente podia avaliar”, ponderou.
Por fim, o especialista lamentou não poder fornecer uma fórmula de proteinado para gado de leite por conta de todas as variáveis envolvidas. “A gente precisa conhecer a fazenda e conhecer, principalmente, esse conceito de proteína metabolizável. […] Para vaca de leite, a nutrição é totalmente diferente e a gente precisa ver realmente qual é a exigência dessa vaca e olhar todos esses estágios”, concluiu.
Sob o mesmo ponto de vista o especialista recomendou que o pecuarista busque um nutricionista de sua região para fazer a formulação do proteinado para gado de leite.
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