O Giro do Boi exibiu na manhã desta quarta, dia 29, o resultado de uma visita de sua equipe de reportagem à Fazenda Barra do Diamantino, do Grupo Agronova, propriedade localizada em Torixoréu, no Vale do Araguaia mato-grossense. A fazenda condensou em seis safras uma evolução de décadas para o melhoramento genético do Nelore, aliando tecnologia e lucratividade numa terra que apresenta desafios expressivos, como o calor e solos não tão férteis.
“A ideia era fazer uma pecuária rentável em local onde a terra é fraca, solo pobre e o gado era ruim. A visão da empresa sempre foi ter lucro, ganhar dinheiro, e nós começamos a desenvolver algumas técnicas de divisão de pastagem, de adubação, de limpeza de pastagem e logo a gente conseguiu melhorar um pouco a parte de fertilidade de solo e a gente tinha muita dificuldade com o gado. Foi quando começamos a visitar alguns criadores importantes para a aquisição de touros, de conhecer mais reprodutores nas centrais para ver o que podia melhorar. Nisso surgiu a oportunidade da vinda do doutor Argeu (Silveira, médico veterinário) para trabalhar com a gente. Foi quando a Agronova deu uma alavancada muito grande”, contextualizou o diretor operacional da Agronova, Wendell Garcia.
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A empresa então se aliou a técnicos e consultores das principais empresas do setor no país para reforçar sua marca no competitivo mercado de seleção Nelore no Brasil. Para validar o trabalho, a avaliação conta com os rigorosos critérios dos programas da ANCP e PGMZ e ferramentas que estão entre as mais modernas do melhoramento genético bovino, como o desafio das precocinhas.
“Na questão da precocidade sexual, quando se iniciaram os trabalhos com essa característica, existiam várias dúvidas, várias preocupações, como, por exemplo, se essa novilha cresceria, se ela não ficaria uma vaca muito pequena, se ela teria leite para desmamar um bom bezerro, se ela reconceberia, entre outras situações. Hoje a gente já encontrou essas respostas, de maneira que a decisão de desafiar as suas novilhas e emprenhar aos 14 meses de idade passa a ser uma decisão puramente econômica”, comentou o médico veterinário Argeu Silveira, diretor técnico da Agronova.
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A ultrassonografia de carcaça também é outra ferramenta importante na apartação dos melhores reprodutores dentro da Fazenda Barra do Diamantino. Por meio da técnica, três características das carcaças são avaliadas.
“Área de olho de lombo é uma medida que busca identificar no grupo os maiores contrafilés, tamanho de contrafilé, porque ele como corte no mercado internacional é o mais valorizado. O contrafilé mais pesado vale mais. E na carcaça, entre os cortes nobres no traseiro, em especial, por ser o maior músculo e o mais valorizado, ele contribui para um carcaça mais pesada, isso tem um impacto direto no rendimento e, consequentemente, na lucratividade do produtor. A precocidade de acabamento, que é o objetivo de medir gordura nessa idade, tem um benefício na qualidade de carne, animais prontos mais jovens com adequado nível de gordura para manter as características da carcaça, da carne na transformação do músculo e também tem correlação genética com precocidade sexual, com eficiência reprodutiva de matrizes. E o marmoreio, que é a terceira característica avaliada por ultrassom, é uma medida de gordura. Marmoreio é um termo popular para porcentagem de gordura intramuscular e o principal benefício do marmoreio é no varejo, no prato, que é possibilitar o prazer ao consumir o corte”, resumiu o zootecnista Yuri Farjalla, da Aval Serviços Tecnológicos.
A ultrassonografia serve também para coletar informações reprodutivas dos machos jovens, junto com outras ferramentas de avaliação. “O animal precisa estar naquele momento (nove meses de idade) produzindo sêmen. A partir daí nós vamos trabalhar com dados de peso, CE, qualidade de imagem ultrassonográfica, concentração espermática, ganho de peso, ganho de CE por cada coleta e isso vai nos dar uma idade à puberdade, que é feito dentro da universidade no laboratório e isso também é enviado para o programa da ANCP para gerar a DEP de IPM (idade à puberdade de machos), que tem contribuído muito na hora de escolher os animais tanto para ir para a central, quanto os touros que vão ser utilizados na fazenda”, acrescentou o médico veterinário Luiz Carlos da Costa Filho, diretor da ProCriar.
A mensuração do consumo ganhou o reforço dos cochos automáticos que permitem acrescentar o desempenho alimentar dos animais em suas avaliações. “Nos últimos 30, 40 anos, o que a gente fez foi medir quanto o boi ganhou. Quanto ganhou de leite, quanto ganhou de peso, de carcaça, e agora com essa ferramenta, que já é antiga, pois isso começou na década de 70, mas lá eram cochos individuais e nós não tínhamos esse equipamento de medições. Mas com essa ferramenta, ela nos permite medir massivamente, medir toda a população, e saber quanto que custa para o boi ganhar. Então a gente continua buscando os animais de alto desempenho, sempre visa outras características. E é importante que se diga: eu não posso eleger a eficiência alimentar como única característica de seleção, eu preciso de um animal que seja eficiente, fértil, dócil, que produza bem leite, que renda bem no frigorífico, ou seja, eu preciso de um animal que seja bom em todas as características econômicas, mas também que ele seja mais eficiente porque é uma característica de alto impacto econômico”, ponderou Argeu Silveira.
Usando todos os pilares modernos da seleção de gado de corte, a propriedade consegue oferecer ao mercado tourinhos que com pouco mais de um ano de idade já são provados como melhoradores.
“Nós estamos falando de animais Nelore de 12 a 13 meses que já iniciaram a produção de sêmen, que têm informação de eficiência alimentar, que têm avaliação de carcaça, que têm um trabalho sério de um programa de seleção genética. Isso nos traz muita confiança no momento da escolha, da contratação e de disseminação dessa genética. […] Hoje a demanda aumentou muito e a Alta está sempre atenta a esta demanda de mercado, a empresa busca sempre contratar o que tem de melhor nos melhores criatórios e aqui nós estamos na Agronova, que é um centro de referência de seleção de Nelore, para produção de carne e para deixar lucro no bolso do pecuarista, que é o que todo mundo busca”, aprovou o médico veterinário Rodrigo Frigoni, gerente na Alta Genetics.
Depois de passar por diversas etapas de avaliação genética de qualidade de carcaça, os animais são testados também em seu produto final. “Esses animais estão sendo abatidos todos dentro da mesma metodologia. Esses dados vão para os laboratórios de qualidade de carne, muitos estão indo para a USP de Pirassununga, com a professora Angélica, com acompanhamento da Embrapa Cerrados, com o Eduardo, o Cláudio Magnabosco e depois os dados vão para um programa de melhoramento genético, no caso a ANCP, para a gente gerar, num futuro próximo, as DEPs de qualidade de carne. Então aqui está se trabalhando a questão do tamanho do contrafilé, do rendimento frigorífico, se trabalha também a questão da gordura ideal, do marmoreio, e a questão da maciez”, concluiu Argeu Silveira.
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Confira pelo vídeo a seguir a reportagem completa sobre o trabalho de seleção do Nelore pelo grupo Agronova: